Diversas indústrias trabalham com embalagens especiais para o transporte de peças de alto valor. Muitas delas são reaproveitadas inúmeras vezes, fazendo o trajeto de ida e volta entre uma fábrica e seus fornecedores ao longo de anos. No setor automotivo, por exemplo, cada grande montadora tem algumas centenas de milhares de embalagens especiais retornáveis. A gestão delas é complexa e pode ser uma dor de cabeça: se uma embalagem não chega ao seu destino no momento certo, isso pode significar a interrupção de um linha de produção. Pensando nesse problema a startup Reciclapac desenvolveu uma solução para monitoramento e gestão de processos de logística de embalagens especiais.
“Nossa ênfase está em ativos industriais de alto valor agregado. Tem embalagem que custa R$ 3 mil, mas que transporta R$ 2 milhões por ano. Na prática, é um gerenciamento das peças transportadas”, explica Rogério Junqueira, CEO e um dos fundadores da Reciclapac.
A ideia de criar a Reciclapac surgiu a partir da própria experiência de Junqueira, que trabalhou por 28 anos na indústria automobilística e conhecia de perto as dores do setor em logística. Lançada no começo do ano passado, a solução já foi implementada na Cebrace, para acompanhar cavaletes de aço que transportam vidros, e será adotada pela GM nas embalagens utilizadas em um novo automóvel neste ano. Além disso, há conversas em andamento com diversas outras montadoras, assim como com empresas de setores diversos, como fabricantes de elevadores e gestores de contêineres. A expectativa da Reciclapac é ter aproximadamente 10 mil embalagens monitoradas até o final deste ano.
Como funciona
A solução consiste da instalação na embalagem de um dispositivo composto de sensores e de um módulo de comunicação. Esse dispositivo utiliza a rede Sigfox para o envio de dados. Ele consegue captar a localização da embalagem pela triangulação de antenas da dessa rede ou com base nos sinais Wi-Fi das proximidades. Temperatura e eventuais choques também podem ser informados pelos sensores. A frequência de envio de dados é configurada de acordo com as necessidades de cada indústria. O dispositivo é fabricado na China, mas seu firmware foi desenvolvido pela Reciclapac.
Todas as informações são tratadas por um software da Reciclapac e exibidas em um painel no computador do cliente. Na tela, é possível acompanhar em um mapa a localização e o deslocamento de cada embalagem. O cliente informa ao sistema suas regras logísticas e define alarmes para ser avisado quando fugir do previsto, como uma embalagem que saia do trajeto programado ou que demore muito tempo parada em determinado ponto, por exemplo.
Uma embalagem especial costuma ter vida útil de aproximadamente cinco anos. A bateria no dispositivo da Reciclapac dura cerca de três anos, mas a startup está aprimorando a sua solução para que chegue a sete anos. O nível das baterias é acompanhado pela Reciclapac, que providencia a troca, quando necessário.
Tecnologia
Antes de escolher qual tecnologia usaria para o tráfego de dados, a Reciclapac testou várias delas. No fim, chegou a duas: LoRa e Sigfox. “Ambas funcionaram. Mas o modelo de negócios do Sigfox me pareceu mais viável e simples. A rede tem alcance global. E não há custo de instalação de antena. Já pensou ter que botar antena em centenas de fornecedores? Isso inviabilizaria o projeto”, explicou Junqueira.
Fórum de Operadoras Alternativas
O CEO da Reciclapac apresentará seu case de embalagens conectadas durante o Fórum de Operadoras Alternativas, dia 2 de abril, no WTC, em São Paulo. O evento, que é organizado por Mobile Time e Teletime, contará também com painéis sobre MVNOs, infraestrutura de IoT e redes privadas em 4G. Entre os palestrantes confirmados há diretores da Claro Brasil, Vivo, MCTIC, Governo de Pernambuco, WND, American Tower, Surf Telecom, Veek, Americanet, Brisanet, dentro outros. Confira a programação completa e informações sobre venda de ingressos em www.operadorasalternativas.com.br, ou pelo email [email protected], ou pelo telefone 11-3138-4619.