“Eu acho que o grande mito que tem em torno da IA é que ela vai roubar os empregos das pessoas”, comentou Carmen Duarte, superintendente de operações do banco BMG. Durante conversa no painel Dinheiro com mente própria, do evento Fintech Summit 2025, a executiva apontou como as IAs podem na verdade ser grandes aliadas das pessoas no futuro.
O evento online, organizado pelo Santander, reuniu especialistas e executivos de grandes empresas que debateram sobre a utilização dos agentes de IA no mercado financeiro e no mundo em geral. O evento aconteceu nesta quinta-feira, 20, e abordou a presença da inteligência artificial em diversos setores da nossa sociedade.
“Um agente nada mais é do que uma linguagem, um modelo de linguagem, ou LLM, Large Language Model, empoderado de ferramentas. E essa caixa de ferramentas faz com que ele consiga ter interações, buscar informações e enviar coisas”, explica Pedro Oliveira, head de produtos de inteligência artificial do Distrito.
De acordo com Oliveira, mesmo que pareça paradoxal entre as discussões sobre a ameaça dos empregos pelas IAs, quem está gerando e construindo essas ferramentas para as IAs são pessoas técnicas. “Então, por exemplo, no time, hoje, tem muito mais PhDs em matemática. Nós temos uma parceria com o IME (Instituto de Matemática e Estatística), com o ICMC (Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação), da USP São Paulo e da USP São Carlos, respectivamente.”
Ainda segundo a executiva do BMG, essa discussão sobre o medo da substituição da mão de obra no mercado de trabalho não é algo novo. “Quando a gente pega a Revolução Industrial no século XVIII, XIX, as pessoas queriam destruir os teares porque estavam roubando os empregos delas”.
Duarte apontou que foi justamente essa inovação que trouxe investimento para as ferrovias, de forma que possibilitou que as pessoas pudessem trabalhar em outros mercados.
Segundo a executiva, estamos passando por um momento similar. “Tem um estudo do Fórum Econômico Mundial que fala que 92 milhões de empregos vão acabar. Só que, em contrapartida, 170 milhões de empregos serão criados”, explica.
Para a superintendente, o que vai mudar na verdade é a habilidade que as pessoas precisarão ter para ocupar os novos postos de trabalho. “Elas vão precisar saber trabalhar com IA. Vai ser um relacionamento meio simbiótico, entre os humanos e a IA”, conta. “As pessoas têm que se preparar para essa nova realidade.”
Isso se deve a uma mudança no cenário atual. Duarte explica que, antes, o conhecimento adquirido durante 4 a 5 anos na faculdade poderia ser utilizado ao longo de 10 ou 20 anos. Hoje, entretanto, as coisas são diferentes. “Agora não. O que você aprendeu hoje, daqui a 2 anos já mudou. Você tem que ficar sempre reaprendendo, desaprendendo e aprendendo novas coisas. “
“Não é a IA que vai roubar o emprego, é a pessoa que sabe usar IA [que vai].”