Há mais de uma década, o ecossistema do 5G começou a ser construído. Há fabricantes de dispositivos, de infraestrutura de rede e desenvolvedores de aplicações para a tecnologia, “mas cadê o modelo de negócio?”, indagou Tiago Faierstein, gerente de novos negócios da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). Para ele, este ainda é um dos maiores empecilhos ao avanço da conectividade de quinta geração no País.

Segundo Faierstein, a tecnologia está difundida no Brasil e no mundo, mas ainda não foram encontrados meios para o 5G se sustentar financeiramente. Não está claro para as operadoras como elas podem rentabilizar o 5G. “Se você não vai ter incremento de receita, você não vai investir na tecnologia”, explicou durante o Connected Smart Cities Govtech, realizado em São Paulo, na última quarta-feira, 19.

Até então, a maioria das operadoras baseava-se em um modelo que consiste, principalmente, na venda de planos de celular. No entanto, as pessoas não estão dispostas a pagar a mais para ter 5G, que tem custos elevados de implementação. Até mesmo a Anatel já reconheceu que há uma dificuldade de monetização da tecnologia no País. Por isso, o avanço da rede no Brasil está aquém do que era esperado.

Embratel

Da esquerda para a direita: Maria Teresa Azevedo Lima (Embratel); Hideraldo Almeida (IBRACHICS); Regiane Relva Roman (Smart Campus Facens); e Tiago Faierstein (ABDI). Foto: Gustavo Drullis/Mobile Time

“Esses novos modelos de negócio estão nessas novas aplicações. O 5G não veio – isso é consenso mundial – para o celular”, afirmou o gerente da ABDI. Pouco muda em usos corriqueiros, como streaming e ligações de vídeo, por exemplo – necessidades que o 4G atende muito bem. “Você precisa do 5G para fomentar a indústria 4.0, para o veículo autônomo, telemedicina, cidades inteligentes. Como é que chegamos nesses mercados? Está todo mundo tentando entender o modelo de negócio. Precisamos mostrar para os empresários os ganhos”, disse.

Impasse

Na visão de Faierstein, há um impasse que dificulta encontrar esses meios de sustentação financeira da tecnologia. De um lado, estão as fabricantes de infraestrutura, do outro os desenvolvedores de caso de uso. Quem implementa infraestrutura não quer fazer isso, porque ainda não há os casos de uso. Quem desenvolve casos de uso está buscando um modelo de negócio, porque não tem infraestrutura. “E agora? É o ‘vai que eu vou, no cruzamento’. E ninguém vai”, afirmou.

“Nós precisamos facilitar a vida dos grandes, médios e pequenos empresários que precisam passar por esse processo de transformação, tornando isso uma jornada possível e sem enormes traumas”, concordou Maria Teresa Azevedo Lima, diretora executiva da Embratel, que acaba de lançar uma oferta de rede privativa 5G de prateleira, a fim de estimular a adoção por empresas.

“E por que não o Brasil ser um protagonista mundial e criar casos de uso para vender para o mundo, já que outros países também estão entendendo e também não estão fazendo? Vamos estimular, aproveitar essa oportunidade para que o Brasil realmente se torne protagonista no mundo e possa mostrar exemplos e soluções”, endossou Faierstein.

 

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