O grupo técnico que a TIM montou para planejar a recuperação de sua rede no Rio Grande do Sul não será encerrado após a conclusão dos trabalhos: ele será permanente e ficará incumbido de planejar medidas que aumentem a resiliência de suas redes nas capitais do País a partir das lições aprendidas com as enchentes no Sul. Uma das medidas em estudo é montar uma rede de escape de tráfego para situações de calamidade pública.

Em geral, as redes de transmissão de telecom possuem redundância com uma segunda ou mesmo uma terceira via, mas a TIM entende que é importante contar com uma quarta via nas capitais estaduais. É o que Marco di Constanzo, diretor de rede da TIM, chama de “super-rede de escape de tráfego”, em conversa com Mobile Time.

No caso do Rio Grande do Sul, a TIM está escoando o tráfego por um backbone que passa por Florianópolis e contou com o apoio de diversas operadoras regionais que proveram rotas alternativas em fibra, relata o executivo.

“Ninguém esperava um estado inteiro debaixo d’água. É algo sem precedentes. Isso trouxe um aprendizado importante: precisamos aumentar a proteção da rede de transmissão para distâncias maiores. Vamos contemplar todas as capitais do País para termos continuidade na transmissão em casos de intempéries e eventos climáticos extremos”, comenta o executivo.

Estragos

Boa parte dos sites das operadoras móveis no Rio Grande do Sul pararam de funcionar porque perderam a conexão com a rede de transmissão, em razão do rompimento de cabos de fibra óptica devido a deslizamentos, quedas de postes ou destruição de pontes. Outro motivo foi a interrupção de abastecimento de energia, pois as baterias nos sites duram poucas horas. Em alguns casos, a TIM instalou geradores a diesel em sites estratégicos, para garantir a continuidade do serviço.

“Os desafios são enormes. Foi uma chuva de altíssima intensidade. Muitos equipamentos ficaram debaixo d’água e deixaram de funcionar por curto circuito. Em muitos pontos a energia foi interrompida ou ficou intermitente porque postes caíram ou porque foram desligados por razões de segurança. Tivemos fibra rompida por deslizamento de encostas, bloqueio de dutos em rodovias ou pontes que desabaram”, relata o executivo.

A equipe da TIM em campo foi reforçada. Sessenta técnicos foram enviados ao Rio Grande do Sul vindos de outros estados, aumentando o time de 90 para 150 trabalhadores.

Para o deslocamento dos técnicos, carros foram substituídos por meios de transporte náuticos. “Na primeira semana usamos até caiaque para se deslocar. E também usamos bote e jetski, enfim, qualquer coisa que pudesse navegar”, relembra.

Na cidade de Muçum, dois técnicos da TIM foram transportados de helicóptero e dormiram dentro de um contêiner para concluir o religamento de um site importante para a região, conta o diretor.

Equipe da TIM trabalhando em área inundada

Recuperação

Para se ter uma ideia do trabalho da TIM nas últimas semanas para recuperar a sua rede vale analisar os números oficiais apresentados pela Anatel. O pior momento foi em 5 de maio, quando a TIM estava sem serviço em 123 cidades gaúchas, e com sua rede operando parcialmente em outras 105. De acordo com o boletim mais recente, publicado na noite da última sexta-feira, 17, eram 15 cidades sem serviço e 45 com operação parcial.

Ilustração: Nik Neves