Três candidatos à presidência da República e uma candidata à vice-presidência participaram de uma sabatina nesta segunda-feira, 20, sobre os desafios do próximo governo no setor da tecnologia. José Maria Eymael (DC), Henrique Meirelles (MDB), João Amoêdo (Novo) e Kátia Abreu (PDT) apresentaram para empresários do ramo de TIC suas ideias acerca do empreendedorismo, da inovação e da transformação digital no País.

Em seu discurso, Henrique Meirelles, disse que em uma eventual continuidade da administração emedebista criará um “gabinete digital” ligado diretamente à presidência, com intuito de gerar um “ambiente favorável” à inovação digital. Além disso, o candidato da situação pretende desenvolver formas de disseminação da educação e desburocratização através da tecnologia.

“No Brasil, o tempo médio para abrir uma empresa, em São Paulo, era de 101 dias (dois anos atrás). Com a prefeitura de São Paulo, nós fizemos uma parceria (quando era ministro) para chegar a dez dias. Dá para chegar a três dias, mas depende de tecnologia. É possível fazer um processo de desburocratização. Inclusive começamos com o Portal Único do Comércio Exterior. Tudo isso incentiva novas startups e mercados”, afirmou Meirelles. “Em educação, nós temos a oportunidade de expandir o ensino técnico. Queremos levar mais conhecimento através do Ensino a Distância. Temos 11 milhões de jovens sem estudar e sem trabalhar que podem aprimorar seus estudos”.

Por sua vez, a senadora Kátia Abreu, vice-candidata à presidência na chapa do presidenciável Ciro Gomes (PDT), deu como exemplo os avanços na tecnologia feitos através da Embrapa. O principal deles foi enviar ao exterior mais de 2 mil cientistas para pesquisar o plantio de sementes no Brasil. Esses estudos tiveram um impacto de redução da média de gastos do brasileiro com alimentação de 48% dos seus ganhos na década de 1970 para 20% nos tempos atuais. A senadora defende iniciativas como polos tecnológicos e redução de impostos para o ecossistema de startups na eventual gestão do pedetista.

“Em relação aos ganhos de capital em startups, nós aceitamos a discussão e vamos incentivar que quando essas startups forem vendidas nada mais justo que quem bancou a tecnologia fique isento de dividendos e tributos”, afirmou Abreu, que substituiu Ciro Gomes no evento. “Nós damos anualmente R$ 300 bilhões de incentivos (fiscais) às empresas. Disso, apenas 3,5%, menos de R$ 10 bilhões, vão para pesquisa e desenvolvimento. Ciro Gomes não é contra as despesas tributárias. É preciso ter indicadores para entender se essas despesas tributárias estão virando margem (de lucro) ou emprego?”.

Com discurso alinhado ao setor privado, João Amoêdo, por sua vez, procurou defender suas bandeiras de liberdade econômica e desregulação do mercado. Para ele, um capitalismo mais livre ajudará a incentivar o ecossistema de empreendedores. Em relação aos temas mais ligados à tecnologia, o postulante do Novo defendeu a ampliação da transformação digital na sociedade e o desenvolvimento de um governo digital no País.

“Temos que ter um governo digital. Para atrairmos investimento e empreendedorismo precisamos ter liberdade econômica, investimentos e segurança jurídica. Israel investe 4,5% do PIB em pesquisa e desenvolvimento, devemos estar alinhados com políticas similares. Tem que incentivar o governo digital, criar polos digitais com coworking nas cidades. Tem que colocar mais tecnologias nas escolas, jogos e gamificação, e colocar isso nos cursos técnicos também”, frisou Amoêdo. “Tem que fazer mais com menos. Usar tecnologia em áreas como segurança e saúde, como o prontuário eletrônico. No governo a tecnologia fica à parte, quando devia passar em todas as áreas do governo”.

O ex-deputado constituinte Eymael defendeu que o próximo presidente deve ter planejamento e “obsessão pelo desenvolvimento” do País. O candidato deseja formular “metas e indicadores” para acompanhar o desenvolvimento. “Agora, neste processo de crescimento e desenvolvimento, a inovação digital tem que estar presente. Isto não pode ser um compromisso, um projeto… O presidente tem que se consumir disso”, disse Eymael. “Para atingir esse objetivo é necessário o desenvolvimento. Para isso, a marca da transformação digital é necessária”.

Vale frisar, os outros candidatos também foram convidados pela entidade, mas não compareceram por outros compromissos em suas agendas.

Think Thank

Durante o evento, a Abes apresentou uma série de iniciativas com foco na transformação digital do Brasil até 2022, o documento “Independência Digital Brasil 2022”. No relatório, a Abes e outras quatro entidades do setor de tecnologia (Assespro, Brasscom, Fenainfo e Softex) apresentam medidas para os candidatos desenvolverem em seus eventuais governos. Entre elas estão ações de curto prazo, como introdução de gamificação no ensino fundamental e médio, publicação de normas para contratação em TICs; além de ações de médio prazo, como criar Varas Jurídicas Digitais e implementar um Plano Nacional de Conectividade.

“Fizemos um estudo com o que seria possível para acelerar a transformação e a inovação digital”, disse Francisco Camargo, presidente da Abes. “O Brasil tem muita pressa, pois os outros países continuam progredindo e nós, não. As aplicações na inovação digital são inúmeras, mas esta precisa de um planejamento e políticas públicas que sejam perenes e permanentes”.

Ao término de cada sabatina, os candidatos receberam uma cópia do documento.

 

 

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