O conselheiro da Anatel Carlos Baigorri afirmou nesta sexta-feira, 20, temer pelas populações mais carentes do interior do País caso sejam retiradas as antenas parabólicas para a chegada do 5G.
Ao ser perguntado sobre as recomendações do ministro Raimundo Carrero, do TCU, de iniciar o atendimento da tecnologia não pelas capitais, e sim por outras localidades menores, como uma maneira de reduzir as desigualdades digitais, Baigorri respondeu: “Entendo que a gente precisa discutir isso. Tenho preocupação com famílias que só têm acesso à comunicação por meio de parabólicas. Colocaremos isso em risco, em troca de um serviço 5G, que é caro e de elite? É uma preocupação operacional mesmo, 5G é caro e de elite”, repetiu, durante live promovida pelo portal TeleSíntese.
A observação do conselheiro – que foi o relator da Anatel do edital de 5G – vai contra aos inúmeros discursos do governo federal, que promete conectar todo o Brasil, inclusive os mais de 40 milhões de pessoas que hoje não têm acesso nenhum à Internet. “Vamos acabar com esse deserto digital no País”, prometeu o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em pronunciamento oficial.
Desigualdades regionais
De acordo com a proposta do ministro Carrero, que “visa provocar a Anatel, a fim de que reflita”, nas palavras do próprio, as proponentes vencedoras dos lotes de 3,5 GHz devem ajustar a ordem do cronograma colocado pela agência, atendendo localidades menores num período mais curto. “Para os lotes regionais, as metas se voltam aos municípios e localidades com população inferior a 30 mil habitantes, com início a partir de dezembro de 2026, seguindo até dezembro de 2030. Ressalto que a redução de desigualdades regionais é um dos objetivos fundamentais da República”, diz o voto do relator.
Apesar de a maioria dos ministros do tribunal ter votado a favor do texto do relator, o ministro Aroldo Cedraz pediu vista da matéria, que será votada na próxima quarta-feira, dia 25.