Na última semana de agosto, o Diário Oficial publicou a portaria do Ministério das Comunicações que passa a exigir que smartphones fabricados no Brasil tenham uma cota mínima de aplicativos nacionais. A partir de 10 de outubro, a regra será implantada progressivamente nos aparelhos populares, com valor inferior a 1.500 reais.
De acordo com a nova regra, a escolha dos programas se baseará na sua utilidade pública, ou através de concurso. Os aplicativos selecionados ganharão destaque na tela dos smartphones – através de um ícone ou por uma loja exclusiva –, tornando-os mais acessíveis aos consumidores.
A princípio, a ideia parece ser uma forma de valorizar e aumentar o consumo de aplicativos brasileiros. Mas será que aqueles selecionados realmente terão adesão do público a partir da obrigatoriedade? Até que ponto seremos (clientes e desenvolvedores brasileiros de apps) beneficiados com essa medida? Essa é realmente a melhor forma de incentivar o consumo de programas nacionais ou mais uma burocracia?
Acredito que o uso de um determinado aplicativo depende principalmente da sua qualidade. Ou seja, nacional ou não, usaremos um programa que nos agrade e não necessariamente aquele que está instalado no smartphone. E a garantia de qualidade se dá pela sua inovação, funcionalidade e criatividade, não pelo país em que foi elaborado.
O Brasil é, sem dúvida, um dos maiores consumidores de aplicativos e games para smartphones do mundo. Segundo a consultoria App Anie, no primeiro semestre de 2013, fomos considerados o quinto país em downloads de aplicativos para Android, sendo notória a busca cada vez mais frequente por cursos e especialização na área.
Potencial de desenvolvimento na área de mobile com certeza temos. Ainda mais com uma demanda de consumo tão alta. E claro que ainda sempre teremos que ultrapassar algumas barreiras como a concorrência de apps de outros países. Ainda mais que estes, além de possuírem nitidamente um maior investimento na área, também oferecem maior incentivo a start-ups e empresas voltadas ao desenvolvimento de programas.
Se o intuito é incentivar o consumo de aplicativos, por que não investir em capacitação de desenvolvedores brasileiros? Além de fomentar o aprimoramento dos programas oferecidos aqui, também poderíamos aumentar o fornecimento para o exterior.
Outro aspecto é que tornar obrigatória a instalação em smartphones de determinados programas não vai aumentar sua adoção. Por um momento pode até ser que cresça a quantidade de usuários, mas não significa que estes se manterão interessados com o passar do tempo. Até porque nem foram eles que optaram por ter estes aplicativos em seus aparelhos.
Acredito que conhecer o que é produzido por aqui é uma boa ideia, já que temos excelentes profissionais e projetos interessantes desenvolvidos e em desenvolvimento. Mas obrigar não me parece algo tão interessante.