A RecargaPay (Android, iOS) apresentou nesta quinta-feira, 20, o seu cartão pré-pago com a Mastercard. No entanto, a fintech brasileira, que possui mais de 10 milhões de downloads de seu app na Google Pay, começa a olhar para outras formas de pagamento, como NFC (contacless), QR Code e uma máquina de cartão própria.
“Queremos chegar no mercado para fazer um diferencial. Hoje temos pelo menos três players usando o QR Code. Inúmeras empresas vendendo maquininhas mPOS. Mas queremos chegar nesses mercados oferecendo algo a mais para o consumidor”, explicou Renato Camargo, ao lembrar que a sua companhia não cobra taxa por recarga de bilhete único, por exemplo.
A solução de QR Code já é utilizada, com transferência e pagamento de cobrança via código, mas a RecargaPay vê mais espaço para ela no mercado de PMEs. Para isso, uma série de campanhas para atração de novos usuários (member get member) com pôsteres oferecendo recargas de cartão de transporte e de telefone pré-pago em estabelecimentos no valor de R$ 10. Para cada consumidor novo que um comerciante trouxer, este ganha R$ 10.
Por sua vez, a ideia da companhia com o mPOS é lançá-lo entre dezembro deste ano e janeiro de 2019. Assim como acontece em parte de suas operações, um dos diferenciais seria uma porcentagem de cashback por transação para o cliente.
Ainda há solução de pagamento contacless, que, segundo Camargo, pode chegar tanto para o app como para o cartão pré-pago da startup financeira. Mas, o executivo ainda vê barreiras como cultura de aceitação nos estabelecimentos e a dificuldade em usar o NFC para pagar compras.
Cartão pré-pago
Lançado na sede da Mastercard, em São Paulo, o cartão era aguardado desde junho pelos usuários da plataforma. Gustavo Victorica, COO e cofundador da RecargaPay, lembra que “há outras plataformas similares no mercado”, mas aposta em soluções como o retorno de 1% a cada transação (cashback) para atrair o consumidor.
Além do cashback, outros atrativos para conquistar clientes são: acesso do consumidor ao programa Mastercard Surpreenda; o cartão é internacional; a tarjeta também tem opção virtual pelo app do RecargaPay; não há necessidade de conta bancária; acesso a saques em dinheiro na lotérica ou Rede 24 Horas; e gratuidade.
“Essa é a primeira vez que a gente sai do celular para o mundo físico”, disse Victorica, durante a apresentação do cartão. “Nossa missão é permitir que as transações sejam feitas por bancarizados e não bancarizados. É dar acesso para as pessoas entrarem no sistema financeiro”.
Quando questionados quantos cartões de plástico chegam ao mercado, os executivos da RecargaPay não puderam responder. No entanto, ressaltaram que a primeira leva de tarjetas é destinada aos consumidores que fizeram o pré-registro desde agosto. Para os demais, o produto será liberado a partir de novembro.
Contacless
Parceira da RecargaPay na empreitada, a Mastercard vê o potencial da fintech para trazer novos meios de pagamentos e a população desbancarizada ao mercado. De acordo com Paulo Brossard, vice-presidente de desenvolvimento de mercado, Brasil e Cone Sul da bandeira, há muito espaço para crescer no Brasil para soluções do tipo.
“Hoje, 60 milhões de brasileiros com mais de 18 anos são desbancarizados. Dois terços das transações no Brasil ainda acontecem em papel. As possibilidades que temos nesse país são infinitas”, disse Brossard. “Temos um foco muito grande em transporte público. Muito do transporte ainda é pago em dinheiro (30%). Por que não transformar para o contactless?”
No Brasil, o executivo recordou que a Mastercard e o banco BRB lançaram na quarta-feira, 19, o primeiro cartão pré-pago que permite pagamento por aproximação em Brasília, o Cartão + Cidadão. Uma tarjeta multifuncional que pode ser usada para compras, saques e pagamento de passagens de ônibus na capital. Ele lembra de movimentos importantes no exterior, como o fato de 25% das transações da Mastercard no Chile já serem realizadas sem contato; os pagamentos foram impulsionados pelos meios de transporte, ao lado de supermercado, posto de gasolina e farmácias.
Brossard acredita ainda que o contactless é um movimento sem volta. Uma vez que, a partir do próximo mês, todas as máquinas de cartão devem ter o NFC embutido de fábrica. E, em abril de 2019, todos os novos cartões emitidos chegarão ao mercado com o sensor para pagamento sem contato.