Os primeiros bancos digitais nasceram na forma de websites. Depois, em aplicativos. Agora, estão surgindo dentro do WhatsApp, combinando interface conversacional e inteligência artificial generativa. É o caso da startup brasileira Magie, que entrou em operação no fim do ano passado e, em menos de um ano, conquistou 14 mil clientes, movimentou mais de R$ 140 milhões e levantou R$ 28 milhões em uma rodada de investimento. Pelo ritmo de crescimento, espera alcançar uma base entre 80 mil e 100 mil clientes até dezembro.
“Ninguém quer baixar mais um app. A pessoa quer facilitar a vida dela. Notamos que boa parte do fluxo acontece dentro do WhatsApp (recebimento de boletos, pedidos de transferências etc). Exigir que o cliente saia do WhatsApp para fazer tudo dentro de outro app piora a experiência”, explica Luiz Ramalho, fundador e CEO da Magie, em conversa com Mobile Time.
A Magie utiliza uma combinação de vários modelos de LLM e um pouco de busca semântica para manter uma conversa fluida com o usuário final, mas com proteções para evitar alienação. A conversa se restringe aos seus serviços – ela não responde sobre assuntos diversos.
Nos dois primeiros meses de operação, entre novembro e dezembro do ano passado, era tudo feito manualmente pelos próprios fundadores. Isso serviu para entenderem melhor os hábitos dos consumidores e, assim, planejar melhor como funcionaria a jornada em uma conversa automatizada.
“No começo não tinha IA. Fazíamos tudo na mão. Tinha gente que fazia transação de manhã cedo, na hora que acordava, e tinha gente que fazia de madrugada. Muitos pedem para ver o saldo logo em seguida. Essa experiência inicial foi muito importante para entendermos o comportamento dos clientes. Depois fomos soltando a mão do volante aos poucos”, relembra Ramalho. Em janeiro deste ano, a conversa passou a ser automatizada.
Magie: do onboarding aos pagamentos, tudo por WhatsApp
Tudo na Magie acontece via WhatsApp, desde o seu onboarding, com envio de dados e do documento de identidade pelo aplicativo de mensageria. Ao criar uma conta é gerada uma chave Pix com o nome do usuário e a extensão de email @pague.com.gi. Para carregar dinheiro na própria conta, basta mandar um Pix para ela. O saldo rende diariamente o equivalente a 100% do CDI.
Por enquanto, a Magie permite a realização de pagamentos e transferências. Para qualquer ação, basta conversar com ela. Funciona tanto por escrito quanto através do envio de mensagem de áudio. Mobile Time experimentou com sucesso o envio de um Pix através de uma mensagem de áudio, na qual era informado o CPF do destinatário, por exemplo.
Para pagar um boleto, basta enviar o mesmo em PDF dentro do WhatsApp. Para a realização de transações acima de determinado valor pré-configurado, é exigida uma senha.
Também é possível levantar quais são os boletos em aberto vinculados ao seu CPF. E, se o usuário solicitar, a Magie passa a enviar uma mensagem avisando cada vez que um novo boleto é gerado em seu nome ou quando algum está perto do vencimento.
Monetização com assinatura de versão premium
O serviço da Magie hoje é gratuito. O banco decidiu começar pela oferta de pagamentos porque é uma transação que gera recorrência, ampliando o engajamento do cliente.
A monetização virá através da oferta da assinatura de uma versão premium do banco, cujo lançamento deve acontecer ainda este ano. Os assinantes terão acessos a mais funcionalidades e serviços, incluindo recomendações de investimentos. Para isso, a Magie planeja se integrar ao Open Finance e busca parceiros para a oferta de investimentos.
A startup opera através de uma plataforma de Bank as a Service (BaaS) da Celcoin, mas estuda no futuro ter uma autorização de instituição de pagamento ou de iniciador de pagamento junto ao Banco Central.
Lista de espera, perfil médio e aplicativo
A procura pelo serviço é grande e, por isso, existe uma lista de espera para a adesão de novos clientes, de maneira a controlar o crescimento sem prejudicar a experiência.
O perfil médio do cliente atualmente é de renda alta e 35 anos de idade. Mas é esperado que a base fique mais diversificada com o passar do tempo, acredita Ramalho.
Para o futuro, a empresa não descarta ter um aplicativo próprio, depois de lançados mais serviços, pondera o executivo.
MobiMeeting Finance + ID
Ramalho vai participar de um painel sobre o futuro dos pagamentos no MobiMeeting Finance + ID, seminário organizado por Mobile Time que acontecerá no dia 30 de outubro, no WTC, em São Paulo. Estão confirmados nesse painel:
Ana Karina Scarlato, vice-presidente de produtos e inovação de mercado, Mastercard
Bruno Lopes, head de operações, Binance
Carlos Alves, vice-presidente executivo de tecnologia e negócios, Cielo
Leandro Garcia, diretor sênior de soluções de pagamentos digitais, Visa, e coordenador do GT de Click to Pay, Abecs
Luiz Ramalho, CEO, Magie
A agenda atualizada e mais informações estão disponíveis em www.mobimeetimg.com.br