Mobile Time procurou especialistas que atuam em diferentes áreas de tecnologia digital e telecomunicações para darem um depoimento sobre as tendências mais importantes que projetam para o ano de 2025. Vejam abaixo as respostas.

Conexis

Marcos Ferrari, presidente-executivo da Conexis – “Duas tendências que eu apontaria para o setor de telecomunicações para 2025 é a expansão da Inteligência Artificial e o Open Gateway.

A IA tem apresentado avanços impressionantes nos últimos anos, revolucionando diversas áreas como saúde, educação, transporte e entretenimento. A chegada do 5G acelerou esse processo e está desempenhando um papel fundamental para impulsionar esses avanços. Com velocidades de conexão até 10 vezes maiores que o 4G e baixíssima latência, o 5G viabiliza o funcionamento em tempo real de aplicações baseadas em IA, como veículos autônomos, cirurgias remotas e a Internet das Coisas (IoT). Essa infraestrutura permite o processamento de grandes volumes de dados de maneira rápida e segura, facilitando o treinamento e a operação de sistemas inteligentes em escala global. Como resultado, é esperada uma transformação ainda mais acelerada nos setores produtivos e nos serviços públicos.

Sobre o tema, é preciso ainda mencionar a regulamentação da IA. No Brasil, o Senado Federal aprovou recentemente um projeto de regulamentação para o uso de IA estabelecendo diretrizes para garantir a transparência, ética e segurança no desenvolvimento dessas tecnologias. A expectativa do setor de telecomunicações é que possamos amadurecer as discussões na Câmara dos Deputados para promover os ajustes necessários que viabilizem equilíbrio entre inovação e segurança dos cidadãos, prevenindo abusos e garantindo que os benefícios da IA sejam amplamente distribuídos. É importante que essa regulação prepare o país para aproveitar ao máximo as oportunidades geradas por essa nova era tecnológica.

Sobre o Open Gateway, o Brasil foi um dos pioneiros dessa solução que transforma as redes de telecomunicações em plataformas programáveis e abertas. No início de 2024, o Itaú foi a primeira empresa a anunciar o uso da solução para adotar novas medidas de segurança e autenticação de clientes. A expectativa é que o uso de APIs de telecomunicações avance mais em 2025.

Em um mundo que conta com cada vez mais soluções digitais, a previsão é que haja mais empresas em busca de soluções de segurança e otimização de serviços, principalmente em setores como o financeiro e de e-commerce. APIs já lançadas, como a Device Location e SIM Swap, dão mais segurança, por exemplo, às transações econômicas, evitando fraudes e prejuízos.

Com mais divulgação sobre essa solução, o mercado será capaz de apontar quais são suas maiores demandas, otimizando também o desenvolvimento das APIs pelas operadoras.”

Carlos Roseiro Huawei

Carlos Roseiro, diretor de ICT marketing da Huawei – “O ano de 2025 deverá ser de consolidação de algumas tendências tecnológicas que começaram a despontar em 2024. Vamos olhar para elas na perspectiva dos quatro segmentos de negócio móvel.

No segmento B2C, vamos observar um alargamento da cobertura 5G às cidades de dimensão média, entre 30K e 500K, por parte das grandes operadoras. E as novas entrantes certamente vão antecipar as suas obrigações em cidades de < 30K. A boa notícia, do ponto de vista tecnológico, é que muitas dessas cidades terão cobertura com as antenas Meta AAU, da Huawei, equipamento único no mercado com tecnologia ELAA (Extended Large Antenna Array), permitindo uma cobertura 30% e uma penetração indoor 25% superior aos modelos clássicos.

Ainda no segmento B2C, deveremos ver no mercado novos modelos de pricing com base em experiência de rede, devido à nova camada tecnológica de inteligência inserida na core network, capaz de detectar uma experiência abaixo da contratada e acionar uma prioritização de determinados tipos de tráfego.

No segmento residencial, 2025 deverá ser o ano de decolagem do FWA 5G. Até então é uma oferta tímida no mercado brasileiro. Mas a julgar pela vontade das operadoras brasileiras e pela entrada da nova tecnologia redcap, que permite oferecer uma CPE a preços mais acessíveis, acreditamos que muitas casas vão ter acesso à internet através do FWA 5G.

Por último, no segmento corporativo, deveremos ter um avanço de consolidação do mercado de redes privativas, seja com tecnologia LTE, seja com tecnologia 5G. De acordo com um levantamento feito pela Huawei, deverão existir hoje cerca de 400 redes privativas no Brasil, das quais 57% foram fornecidas por operadoras e 43% foram adquiridas diretamente pelos clientes finais. É interessante também constatar que os setores que mais adquiriram redes privativas foram aqueles setores exportadores em que o Brasil é muito forte: agricultura, petróleo e gás e mineração.

A nossa estimativa é que esse mercado de redes móveis privativas vá crescer cerca de 80% em 2025. Apesar desse crescimento ter uma componente de 5G relevante (cerca de 22%) para atender casos de uso que requerem banda larga, baixa latência e uma cobertura em espaços restritos (usando o 3.5 ou o 3.7), a perspectiva é que a tecnologia LTE ainda vai ser majoritária, pois atende muitas vezes casos de uso que requerem cobertura ampla e não muita largura de banda, usando as frequências de 700 ou 450.

Por último, veremos emergir um novo segmento de mobilidade: o B2V, ou seja, o Business to Vehicle, que não é mais do que o carro elétrico conectado. Ele será um novo centro de consumo de dados. Se antes as pessoas não consumiam dados enquanto dirigiam, agora o carro consumirá por elas. Seja porque já trazem um chip embarcado para atualização do seu software, seja porque o console de direção permite apps de navegação ou de streaming de música ou até mesmo porque muitas vezes trazem consoles de videogames para os passageiros no banco de trás. É uma tendência que vem muito forte, para a qual as operadoras já estão olhando e se preparando (através de RAN sharing ou infra-estrutura própria) para reforçar as suas coberturas móveis nas estradas do país.”

Paulo Bernardocki Ericsson

Paulo Bernardocki, diretor de soluções e tecnologia de redes da Ericsson – “Para 2025, as operadoras manterão o foco na expansão do 5G, buscando diferenciação por meio de novos serviços. Nossas pesquisas indicam que os usuários de 5G relatam maior satisfação com o desempenho em comparação aos usuários de 4G. Com a expansão da base, será possível aproveitar os recursos de fatiamento de rede e oferecer uma gama mais ampla de casos de uso que se beneficiam de serviços de conectividade diferenciados. Uma tendência que observamos claramente é a oferta de serviços mais avançados em grandes eventos, como esportes e shows em estádios, onde existe disposição do público em pagar por uma conexão de melhor qualidade.

Também em 2025, ocorrerá a expansão do uso de APIs de rede, bem como a implementação de 5G Advanced, que serão passos relevantes em direção a redes programáveis de alto desempenho. As redes programáveis permitirão aos serviços interagir e influenciar o comportamento da rede para assegurar um resultado desejado e, assim, atender a diferentes necessidades de negócios. Isso ampliará as opções disponíveis para as operadoras na monetização da rede”.

inteligência artificial; ITS-Rio

Fabro Steibel, diretor do ITS-Rio – “2025 será um ano de grande atividade legislativa em torno de tecnologias. A Câmara deve se debruçar na regulação de inteligência artificial. No Senado, já foi anunciado um projeto de lei sobre Data Centers, um tema caro para o Poder Executivo e as empresas públicas de tecnologia. Além disso, o julgamento do Art. 19 no Supremo em ano pré-eleitoral deve movimentar debates sobre liberdade de expressão e plataformas, como também a entrada de novos temas, como direito autoral e IA. Isso sem falar no debate contínuo sobre regulação de trabalho por aplicativo, no qual o Judiciário tem tido liderança em atualizar.

2025

Greg Ernst, vice-presidente de vendas e marketing e gerente geral de vendas para as Américas da Intel – “À medida que olhamos para 2025, a integração perfeita da inteligência artificial (IA) em nossas vidas diárias será uma das tendências mais transformadoras, tornando-se uma parte essencial de nossas rotinas. A IA não é mais apenas uma ideia de ponta em um futuro distante — é o presente e está evoluindo para uma companheira confiável que aprende, se adapta e melhora continuamente. E onde melhor para colocar essa assistência poderosa do que em seu PC — o núcleo de suas tarefas, decisões e empreendimentos criativos mais relevantes? Os PCs habilitados para IA estão revolucionando a maneira como interagimos com a tecnologia, oferecendo experiências mais inteligentes, intuitivas e profundamente personalizadas. Eles capacitam usuários finais, clientes e parceiros a trabalhar de forma mais inteligente, criar mais livremente e viver com maior facilidade e inovação em casa e no trabalho.”

BoanergesBoanerges Freire, CEO da Boanerges & Cia Consultoria – “O grande tema que tem mobilizado corações e mentes é o Pix, que é sucesso de público e de crítica. Sim, ele recebe críticas, algumas veladas e muito incomodadas, mas que mostram como o Pix é transformador. Olhando para frente, o Pix deve continuar crescendo a taxas muito elevadas, ocupando um share maior do mercado de pagamentos, porque está se expandindo para novas fronteiras, indo além do mundo de pagamento tradicional de uma pessoa para um estabelecimento comercial, ou de transferências entre pessoas. O Pix deve crescer no mundo B2B, substituindo os meios de pagamento do mundo corporativo. O Pix vem sendo impulsionado pela agenda evolutiva do Banco Central, que é seu criador e guardião, e também o regulador do mercado – o que às vezes é alvo de crítica. No ano que vem está previsto o Pix automático, espécie de débito automático, que vai permitir programar pagamentos de despesas recorrentes, como luz, água, telefone, TV por assinatura etc. E será lançado também o Pix por aproximação: bastará aproximar o celular para a maquininha capturar os dados da uma compra por Pix. Isso vai impulsionar o uso do Pix no meio físico, onde é menos utilizado hoje em dia por causa das fricções que existem. Isso vai continuar provocando uma resposta competitiva do setor de cartões, que tem evoluído bastante com iniciativas como o click to pay. E tem ainda o front de open finance, no qual o melhor exemplo de integração com Pix é a iniciação de pagamento. Essas e outras iniciativas devem promover a utilização do open finance, que mais tarde vai se expandir para o mundo do crédito, aonde realmente vai fazer a diferença.

C6

Gustavo Torres, head de inovação do C6 Bank – “Em 2025, ao olharmos o cenário macroeconômico, as projeções que estão aparecendo de endividamento, taxa Selic alta e dólar subindo, o papel dos bancos fica mais importante em ajudar o cliente a ter uma gestão financeira melhor. A fazer esse dinheiro render e entender o que está acontecendo no dia a dia financeiro dele. Para isso, com as novas tecnologias, principalmente com a inteligência artificial, o cenário bancário vai ter uma mudança de paradigma na forma de utilização do banco no próximo ano. Passa a ser um pouco mais conversacional, ao ponto de o correntista poder pedir ao app (do banco) que ele me explique quanto gastou em num determinado período, quanto usou do cartão de crédito, quanto usou em relação ao ano passado, se está gastando mais que estou gastando. Isso vai ajudar a dar uma clareza também sobre o cenário econômico na vírgula. A pessoa vai sentir no bolso o que está acontecendo.

Também prevemos para 2025 no setor financeiro o crescimento do uso do open banking com sua familiarização e suas capacidades. A pessoa poderá centralizar os gastos, as informações financeiras e a sua vida financeira em um único lugar. Ou seja, quem usa múltiplas contas conseguirá centralizar as suas informações, garantir uma visualização mais organizada e comandar pagamentos e transferências de uma forma mais fácil, ao invés de você precisar ficar acessando diversos aplicativos. Quanto mais informação eu (banco) tenho do cliente melhor, pois mais eu consigo deixar personalizada a sua experiência. Com isso, o banco consegue fazer melhores análises de crédito, melhores sugestões de produtos e assim por diante”.

rafael pellon NOVARafael Pellon, sócio-fundador do escritório Pellon de Lima Advogados – “Em 2025 no campo regulatório provavelmente continuaremos no caminho da discussão de medidas para atualização das políticas públicas em virtude do fim do ciclo de inovação que ocorreu nos últimos 20 anos em tecnologia. Como em todo ciclo tecnológico nas revoluções industriais anteriores, o período de 20 anos onde temos um grande crescimento econômico e de inovação se converte em virtuais monopólios estruturais que motivam o reequilíbrio do ambiente econômico e jurídico pelos governos. Isto não será diferente em 2025 e o Brasil terá a oportunidade de discutir e afinar suas políticas públicas para trazer maior responsabilidade às grandes empresas de tecnologia aqui presentes. O grande desafio, como em todo o Ocidente, será em como permitir maiores controles e responsabilidades ao mesmo tempo em que dialogamos com outras regiões do globo que, por serem mais libertárias, atraem investimentos e oportunidades. Este ajuste fino e delicado é imprescindível para evitar que o Brasil não seja mero consumidor de tecnologias estrangeiras e possa ter um ambiente saudável para utilizar as inovações atuais para dar um maior salto de produtividade e enriquecimento. Muito provavelmente teremos ajustes e regulações no Marco Civil, no uso de redes móveis e no aumento da responsabilidade das empresas de Internet, que motivarão maior controle em suas políticas de vigilância do discurso on-line”.

IMG 2077Élcio Brito, sócio-diretor da SPI Integração de Sistemas –“O próximo ano começa com grandes expectativas para a indústria brasileira, impulsionadas por três avanços principais: a ampliação da janela de contexto, frequentemente chamada de infinite context; o amadurecimento dos agentic workflows; e os progressos na geração de dados sintéticos para alimentar modelos focados na generalização da física do mundo real. Caso esses avanços se concretizem, haverá grandes discussões sobre os fluxos de trabalho que ocorrem tanto no mundo digital quanto no físico, seguidas, na prática, por projetos-piloto de Digital Twins”.

MagaluCaio Gomes, Chief Artificial Intelligent Officer (CAIO) do Magalu – “O uso da inteligência artificial (IA) no varejo continuará a transformar os processos tradicionalmente realizados por pessoas, aprimorar áreas como precificação, logística, marketing e a compreensão do comportamento do consumidor. Entre as tendências evolutivas, veremos melhorias significativas em ferramentas de busca, que as tornarão mais eficientes para atender às necessidades dos clientes. Isso inclui não apenas apresentar resultados mais relevantes, mas também abordar o consumidor de forma proativa, oferecer novos produtos e identificar necessidades antes mesmo que elas sejam expressas. Já em termos revolucionários, a integração de IA generativa promete transformar o processo de compra. Em vez do modelo tradicional – no qual o cliente identifica uma necessidade, pesquisa e finaliza a compra –, a experiência será mais integrada e interativa. Plataformas de varejo começarão a misturar elementos como fotos, textos, reviews e conteúdo de influenciadores diretamente nas páginas de busca para criar um ambiente mais rico e intuitivo”.

1 Maurício Almeida, presidente da Watch Brasil (2)

Maurício Almeida, presidente da Watch Brasil – “As tendências globais para o mercado de streaming em 2025 apontam para a adoção de modelos híbridos com planos mais acessíveis suportados por anúncios, fusões para fortalecer conteúdos sob demanda e programações ao vivo e uma maior presença de plataformas gratuitas com anúncios (FAST). Além disso, a ênfase está no investimento em conteúdo local e na evolução das tecnologias de personalização de experiências. São tendências globais e que vemos a necessidade de colocar em prática no Brasil. Acreditamos que medidas como essas nos colocam em posição de evolução para 2025, com iniciativas como a consolidação de conteúdos diversificados em uma única plataforma, ampliação de monetização e rentabilidade, e a criação de experiências personalizadas por meio de IA, algo que estamos fazendo em nossa plataforma, unificando a experiência do cliente final em uma única plataforma, facilitando seu acesso aos diversos tipos de conteúdo”.

 

 

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