O imbróglio jurídico entre Guiabolso (Android, iOS) e Bradesco chega ao fim com a integração dos dois sistemas. A partir desta quinta-feira, 21, os usuários da fintech que são clientes do banco podem utilizar o aplicativo de gerenciamento de finanças sem a necessidade de uma camada extra de segurança do token, que prejudicava a experiência em cada acesso ou ação realizada. A partir de agora, a entrada é mais simples e próxima ao que o open banking vai proporcionar. Inclusive, é mais rápida se comparada com a integração com os outros sete bancos e instituições financeiras com as quais o Guiabolso se comunica.
“Agora o usuário vai fazer uma autenticação apenas e não a cada vez que entrar no nosso aplicativo. Em nenhum momento, por 12 meses, ele precisará usar o token novamente. O acesso está muito, muito facilitado”, resume em entrevista para Mobile Time Thiago Alvarez, fundador e CEO do Guiabolso.
“Este era um processo que o mercado inteiro olhava com atenção porque o que fazemos é algo parecido com a autenticação do open banking. Então, se um juiz interpretasse de forma equivocada, poderia inviabilizar todo o novo sistema previsto para começar neste ano”, lembra o executivo.
O Guiabolso possui 6 milhões de usuários, sendo 1,5 milhão clientes do Bradesco. Até então, eles ou simplesmente pararam de acessar o aplicativo de gestão financeira ou usavam o token de autenticação cada vez para entravam no app. Para Alvarez, a integração facilitada vai permitir a volta desses clientes que desistiram de usar a solução e o ingresso de novos usuários.
“Trata-se de um marco. É a primeira conexão de um grande banco permitindo o modelo de autenticação como o do open banking”, resume o CEO do Guiabolso.
Relembre o caso
Em 2016, o Bradesco entrou na justiça contra o Guiabolso. O banco acusava o app de ter falhas de segurança no acesso, defendia o uso token como forma de proteção ao usuário e pediu ao app que não coletasse os dados dos seus clientes, mesmo com o opt-in. Por outro lado, o Guiabolso defendia que havia alternativas para acesso aos dados sem comprometer a segurança dos consumidores e inviabilizar a solução por conta de uma experiência do usuário muito ruim.
O processo ficou na primeira instância e o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), a pedido do Ministério da Fazenda, começou a analisar o processo por entender que a ação seria anticoncorrencial da parte da instituição bancária.
Na nota técnica, o regulador considerou que os argumentos do Bradesco não se sustentavam. Como resultado, após dois anos de análise, o Cade chegou ao acordo e aplicou uma multa ao Bradesco. Como parte do termo de compromisso de cessação (TCC) com o regulador, o banco cancelou o processo contra o Guiabolso no Tribunal de Justiça de São Paulo e, em novembro, pagou uma multa de R$ 23,8 milhões para o conselho.