A GSMA e 22 operadoras móveis da América Latina e do Caribe, incluindo as brasileiras Algar, Claro, Vivo e TIM, publicaram nesta semana um manifesto em favor do fair share, ou seja, do estabelecimento de uma contribuição por parte das big techs nos investimentos para aumento da cobertura e da capacidade das redes móveis.
O documento argumenta que o consumo médio mensal de dados por smartphone na América Latina, que hoje é de 11 GB, deve chegar a 40 GB em 2028. E lembra que 230 milhões de latino-americanos e 22,8 milhões de caribenhos ainda estão desconectados das redes móveis, seja por falta de cobertura ou por razões econômicas.
“Devido ao crescimento do tráfego de dados, os custos dos operadores de rede aumentam ano após ano, mas as receitas têm estado estagnadas ou diminuído durante vários anos. Em contrapartida, um pequeno número de grandes empresas – que notadamente geram a maior parte deste tráfego – desenvolvem os seus modelos de negócio com grande sucesso e rentabilidade, sem fazer parte dos esforços para fortalecer as redes em que se sustentam os seus serviços”, criticam as teles no manifesto.
E concluem: “Nestas condições desiguais, o modelo de financiamento das redes de infraestrutura não é sustentável e nem escalável, comprometendo a capacidade da região de aproveitar as oportunidades do mundo digital. (…) As Big Techs, grandes geradoras de tráfego, devem fazer parte da solução para este problema. (…) Um mecanismo de contribuição justa, baseado num mercado de dois lados, beneficiaria todo o ecossistema: usuários, Big Techs geradoras de tráfego, pequenos provedores de conteúdos e aplicações e operadoras de telecomunicações”.
Análise
Enquanto governos e órgãos reguladores não tomam uma decisão a respeito do pleito do setor de telecom, os atores privados se movimentam. Um exemplo recente no Brasil é a gradual remoção do zero rating nos planos das operadoras: Claro e TIM fizeram movimentos nessa direção.
Por outro lado, as big techs reagem. Em vez de “fair share”, chamam a demanda das teles pejorativamente de “network fee” e argumentam que isso deixaria a Internet mais cara para o consumidor final.
Crédito da imagem no alto: ilustração produzida por Mobile Time com IA generativa