O telefone celular é o único meio de acesso à Internet para 58% dos internautas no Brasil. Menos de um terço da população pode ser considerada plenamente conectada, ou seja, tem oferta de conexão de qualidade. Estas pessoas são sobretudo brancas das classes A e B; os outros cidadãos (principalmente negros das classes C, D e E) ficam sem conexão quase metade do mês. Estas são algumas das conclusões do estudo “O abismo digital no Brasil”, realizado pela PwC Brasil em parceria com o Instituto Locomotiva.
“Os números mostram que a dependência do celular acaba por limitar as experiências de conexão de uma parcela grande da população, que não consegue aproveitar oportunidades de trabalho, estudo, negócios e desenvolvimento de novas habilidades que a Internet pode oferecer”, diz o texto do trabalho.
Segundo a pesquisa, para controlar melhor o orçamento, 95,7 milhões de brasileiros que possuem celular têm planos pré-pagos e precisam usar dados apenas dentro dos limites preestabelecidos. As classes C,D e E representam 82% desse público.
Alguns outros números relevantes do estudo chamam ainda mais a atenção para a desigualdade de acesso no Brasil:
– 20% da população brasileira têm acesso de qualidade à Internet, recurso fundamental para a educação e o desenvolvimento profissional;
– 60% dos desconectados são das classes D e E;
– 21% dos alunos matriculados nas redes municipais e estaduais de educação básica estão em escolas sem acesso à banda larga.
O estudo PwC/Instituto Locomotiva foi estruturado com base em duas pesquisas quantitativas feitas entre julho e agosto de 2021. Uma delas, realizada online, reúne uma amostra nacional de 1.754 usuários de Internet, homens e mulheres, com 18 anos ou mais. A margem de erro é de 2,3 pontos percentuais. Na outra pesquisa, de caráter nacional, foram entrevistadas 2.300 pessoas, com 18 anos ou mais. Nesta, a margem de erro é de 1,9 ponto percentual. Os resultados foram ponderados por região segundo distribuição de gênero, faixa etária e escolaridade de internautas com 18 anos ou mais.
“A desigualdade de acesso à Internet que destacamos no nosso estudo não só reflete a disparidade socioeconômica do País como ajuda a reforçá-la. As consequências serão vistas no futuro em mais informalidade do mercado de trabalho, redução do índice de produtividade do País (que já é considerado baixo), atraso no desenvolvimento humano e profissional da próxima geração e redução do acesso a serviços públicos”, diz análise dos pesquisadores responsáveis.