O Open Gateway foi apresentado no Mobile World Congress de 2023, em fevereiro. Sob a liderança da GSMA, 21 operadoras ao redor do mundo se uniram para desenvolver APIs padronizadas que possibilitam acesso a suas redes, com diferentes finalidades. Segundo Gustavo Bunger, gerente de arquitetura de soluções da Engineering, era o que faltava para que o modelo de negócio de network as a service (NaaS) finalmente saísse do papel.
“É isso que vai habilitar, mais lá para frente, o network as a service. É algo que já pensávamos, já se falava há muito tempo, mas ainda não se tinha chegado nesse nível de maturidade tecnológica”, comentou Bunger, durante o Eng Tech Day, evento promovido pela Engineering em São Paulo, nesta terça-feira, 21.
Bunger destacou que o Open Gateway, junto ao 5G, possibilitará produtos e serviços inéditos, como aplicações com gêmeos digitais e Internet das Coisas (IoT), a um nível mais amplo. A iniciativa global também permitirá a transposição de barreiras geográficas. “A tendência é que isso se transforme numa revolução, porque você vai ter novas oportunidades de mercado em regiões do globo, entre operadoras. Você está saindo só de oportunidades locais para oportunidades globais, nessa rede de negócios”, afirmou.
Ele explicou que tanto o Open Gateway quanto o NaaS não seriam possíveis sem dois fatores essenciais. O primeiro deles é o movimento de virtualização das redes das operadoras, que começaram a abstrair funções do mundo físico para softwares. O outro está ligado às grandes infraestruturas de nuvem, como da Google, Amazon e Microsoft, que participam da iniciativa de padronização.
“Eu consegui virtualizar a rede da operadora ou dos parceiros e agora eu vou conseguir trocar entre essas redes de operadoras e parceiros dentro da ‘API economy’. Você vai ter monetização em cima disso, toda parte de repasse e cobilling entre as operadoras, mas numa dimensão de muito mais liberdade para esses consumidores. Ou seja, esse mercado vai se tornar ainda mais competitivo. Você vai ter negócios entre as operadoras, fora os próprios serviços que vão surgir. Já existem várias startups e instituições de pesquisa trabalhando para usar e monetizar esse modelo”, disse.
Uso das APIs
Para Douglas Gouveia, head do Integration Competence Center da TIM, existem três APIs do Open Gateway que provavelmente serão muito usadas pelas operadoras. Uma delas é a de carrier billing, que permite aos usuários usarem a fatura da operadora para pagamentos. Outras duas são especialmente úteis para se evitar fraudes: a verificação de SIM swap e o login automático, que possibilita saber se o cliente está logado na rede de forma automática, habilitando logins sem fricção.
“Novos mercados estão surgindo, principalmente com o advento dessa iniciativa. O 5G está aí, então as operadoras precisam realmente pensar nas formas de rentabilizar. Quando você melhora o meio, você tem que pensar no que você vai fazer com aquele novo meio. E o 5G não é só um meio de acesso com mais velocidade. Hoje, você tem uma possibilidade muito maior de alavancagem e de formar um mercado em cima do que as operadoras oferecem, gerando consórcios, associações com toda a parte do segmento de mídia, por exemplo, e de entretenimento. Você tem um mar de oportunidades”, complementou Bunger.