O Google apresentou resultados de um experimento em que removeu notícias de seus resultados de busca para 1% dos usuários ao longo de dois meses e meio em oito mercados da Europa. A conclusão da empresa é que as notícias não fazem diferença para os negócios de publicidade da empresa.
O estudo foi conduzido porque as leis de direitos autorais da União Europeia exigem o pagamento aos editores de notícias pela reutilização de trechos de seu conteúdo. A dúvida seria entender quanto vale a exibição dessas notícias. O Google argumenta que os editores superestimam o valor do jornalismo para os negócios da big tech. E, de acordo com o documento, o valor real “não pode ser estatisticamente distinguido de zero, tanto no geral quanto por país.”
Para esta análise, o Google realizou um RCT (Randomized Controlled Trial) removendo resultados de notícias nas plataformas de busca, Discover e Google News para usuários na Itália, Espanha, Polônia, Holanda, Bélgica, Grécia, Dinamarca e Croácia, com 1% dos usuários no grupo de tratamento e 1% no grupo de controle. Tanto usuários logados quanto deslogados foram incluídos no experimento. Os agrupamentos de usuários foram mantidos durante toda a duração do experimento, ou seja, um usuário no grupo de tratamento no dia um continuaria no grupo de tratamento no dia 78, e o mesmo se aplicava a um usuário no grupo de controle.
“Isso nos permite examinar o efeito de aprendizado decorrente da exposição prolongada ao tratamento, em vez de apenas o efeito instantâneo”, explicou a empresa no documento.
Notícias de fora do Google e do Facebook
O Google quer usar os resultados do experimento para barganhar nas negociações de pagamento com editores da região. Mas vale dizer que a plataforma digital enfrentou multas por práticas antitruste na França em relação ao conteúdo de notícias e foi multada em mais de US$ 500 milhões devido à sua abordagem nas negociações de direitos autorais com os editores.
A big tech incluiu usuários da França em seu experimento, mas abandonou depois que a justiça do país ameaçou a empresa de multa por violar um acordo anterior com a autoridade antitruste local.
Vale lembrar que as plataformas digitais e jornais, revistas e sites de notícias travam uma briga há anos sobre remuneração de seus conteúdos que circulam nas redes sociais e em sites de busca.
Em 2021, o Google ameaçou retirar o motor de busca da Austrália porque não queria negociar com as editoras de notícias um acordo sobre royalties.
O Facebook também encerrou o Facebook News em março de 2024 na Austrália e nos Estados Unidos e já havia interrompido a guia dedicada a conteúdo de notícias na Alemanha, França e Reino Unido.