Encargos crescentes, necessidade de importação de tecnologia, conflitos governamentais geopolíticos com relação ao 5G, incapacidade de manter profissionais qualificados, dificuldades de implantação da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados). Estes são alguns dos 10 principais riscos para o mercado de telecomunicações no Brasil mapeados pela EY (ex-Ernst & Young), empresa de consultoria global.

O estudo brasileiro foi feito depois de setembro de 2020, quando a companhia divulgou a mesma pesquisa realizada em outros países. “Quando a gente adapta um estudo vindo de país desenvolvido, com moeda forte, para um país em desenvolvimento com moeda fraca, como o nosso, as diferenças aparecem logo”, apontou Lucas Lobato, consultor sênior para o setor de Telecomunicações da EY, em entrevista ao Mobile Time.

No Brasil, foi feito um levantamento virtual com 34 funcionários de telecom: 50% que ocupam cargos gerenciais, 38% executivos (entre VPs e CEOs) e 12% de outras funções. Os pesquisados trouxeram dois riscos diferentes, que não apareceram entre as empresas do exterior: estratégias ineficazes para crescimento digital e limitações de conhecimento interno sobre tecnologias emergentes. Em um campo aberto, eles citaram o risco geopolítico trazido pelo governo brasileiro diante de possíveis sanções à China com a chegada do 5G.

O risco em comum encontrado entre as empresas brasileiras e estrangeiras é o desafio de adaptar suas políticas às mudanças de leis e regras de privacidade de dados. “Quanto mais tecnologia está entrando nos países, maior é o volume de dados, e também as dúvidas entre o que pode ou não ser usado e compartilhado”, explicou José Rocha, gerente sênior de Consultoria para o setor de Telecomunicações da EY Brasil.

Os executivos da EY notaram ainda a dificuldade econômica das empresas nacionais de lidarem com produtos e infraestrutura dolarizados, uma vez que a moeda estrangeira não para de subir. Outra questão é a retenção e formação de bons profissionais da área, que facilmente migram para multinacionais que pagam salários numa moeda mais valorizada. “Para absorver a nova tecnologia, temos que formar pessoas. Não adianta trazer a fibra, a robotização, o 5G. É preciso ter quem saiba mexer nisso”, lembrou Rocha.

Os 10 principais riscos detectados pela pesquisa da EY no Brasil foram:

  • Baixa resiliência e otimização da infraestrutura de telecom
  • Evolução disruptiva do setor
  • Dificuldade de escalar iniciativas internas de digitalização
  • Falha na integração de múltiplas iniciativas de inovação
  • Falhas na adequação tempestiva às mudanças regulatórias
  • Crescente encargo de investimentos (Capex)
  • Estratégia ineficaz para crescimento digital e diversificação
  • Mudanças em leis/regras de privacidade, segurança e confiabilidade
  • Má gestão das expectativas dos investidores e stakeholders
  • Limitações de conhecimento interno sobre tecnologias emergentes

 

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