O Banco Central (BC) prevê o lançamento do Pix Automático para junho de 2025. A solução é um aprimoramento do débito automático que poderá ser oferecido por qualquer empresa que trabalhe com pagamento ou assinatura recorrente – como academias, cursos, escolas, clubes.

“O Pix Automático vem para corrigir uma falha de mercado por não existir um arranjo de débito direto interbancário. Para o débito automático, empresa e cliente precisam ter conta no mesmo banco, então, uma empresa – em geral grandes utilities – tem contas em vários bancos para poder atender o maior número de clientes possível”, explicou Breno Lobo, chefe de subunidade do Banco Central durante o Conecta ABBC, evento online promovido pela Associação Brasileira de Bancos nesta quarta-feira, 21.

“Existe também a solução com cartão de crédito – por exemplo, as pessoas podem pagar com o cartão de crédito suas assinaturas de streaming –, mas não é todo o mundo que tem cartão de crédito e pessoas de baixa renda têm limites baixos. O Pix Automático traz competição para o mercado – qualquer participante do Pix pode usar a solução –, amplia o leque de empresas que podem oferecer e reduz os custos, já que não precisa ter contas em várias instituições bancárias”, resumiu.

Para Gabriel Cohen, head de regulação financeira da Stone, também participante do painel, a funcionalidade reduzirá a inadimplência do consumidor e o comerciante diminuirá seus custos e venderá mais.

“Este é um modelo que permitirá fomentar a adimplência. É uma iniciativa certeira (do BC) e reduz os custos envolvidos. Para o varejo, diminuem os custos, vende-se mais e em um ambiente completamente aberto. É uma perspectiva muito positiva sob a ótica dos estabelecimentos comerciais”, disse Cohen.

Depois do Pix Automático, o Pix por Aproximação

No caso do Pix por Aproximação, o Banco Central está conversando sobre o tema. De todo modo, qualquer solução privada pode ser lançada por meio da regulação do open finance. No entanto, caberá ao BC padronizar como a informação trafegada entre os dispositivos NFC envolvidos na transação. “Via de regra, é uma maquininha de POS e um telefone celular porque a construção por meio de APIs do open finance demanda que o usuário pagador esteja online. Ainda não estamos falando em transação offline, mas certamente é um passo futuro”, resume.

Assim, futuramente, as transações de Pix por Aproximação offline poderão ser via cartão ou por meio de tags ou vestíveis. Não à toa, Lobo já começa as conversas com a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres).

“Vamos evoluir para isso. E do lado do recebedor é a mesma coisa. É uma máquina POS, mas pode ser uma tag. A ideia é passar por meio da tecnologia NFC a informação que está no QR code do Pix”, explicou.

Lobo explica que na próxima sexta-feira, 23, o BC lançará uma consulta no Fórum Pix, mais especificamente para o GT de padronização e requisitos técnicos, voltada para os participantes dos pagamentos instantâneos. A ideia é avaliar uma solução bilateral privada desenvolvida que será compartilhada com o mercado para avaliar a percepção desses atores sobre a viabilidade de tornar a solução privada no padrão do Pix.

“Queremos saber se ela pode ser facilmente implementada por qualquer agente, seja um IPP (iniciador de transição de pagamento), seja um provedor de máquina POS ou outra solução”, informou.

“De qualquer forma, o Pix por Aproximação já é uma realidade. As empresas privadas podem oferecer, mas é algo que nos atropelou e estamos correndo para deixar tudo o mais padronizado e que as informações cheguem para todos”, disse.

Pix Internacional nos planos do BC

Também está nos planos do Banco Central o desenho do Pix Internacional. Atualmente, alguns bancos e instituições financeiras já oferecem o serviço, porém, o pagamento não é instantâneo. Para que um estabelecimento comercial em um país possa aceitar o Pix, uma instituição brasileira deve fazer uma parceria com um banco no mesmo país. Assim, o pagamento sai da conta do cliente e vai para o banco brasileiro que depois faz uma transação de câmbio. O estabelecimento não recebe instantaneamente.

“Com o Pix Internacional, o comércio no exterior vai receber automaticamente o pagamento”, explicou Breno.

Estamos explorando formas de viabilizar. Daqui a alguns anos será possível fazer transações internacionais usando a estrutura Pix”, disse.

Foto: Breno Lobo, do Banco Central (acima, à esq.) e Gabriel Cohen (abaixo), da Stone, durante sua participação no Conecta ABBC. Imagem: reprodução de vídeo.

 

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