Democratizar o acesso móvel ao conteúdo da Internet: essa é a ideia por trás da Dotgo, uma companhia norte-americana que criou uma solução para adaptar sites web para navegação via SMS. Com seu sistema adotado por quase 10 mil websites, incluindo gigantes como Yahoo, Foursquare e NBA, a Dotgo iniciou no ano passado a sua expansão internacional, chegando a sete países da América Latina e quatro da África. O Brasil está nos planos para o futuro próximo, através da negociação direta com operadoras, revela o CEO e co-fundador da Dotgo, Stefan Gromoll, em entrevista por telefone a MOBILE TIME.

Para o usuário final, funciona da seguinte forma: basta enviar uma mensagem de texto com o domínio do site para o número do serviço (368266, nos EUA, e 266, nos mercados onde opera na América Latina). A partir daí inicia-se uma interação via SMS. A princípio, a Dotgo realiza uma adaptação automática de qualquer site web, enviando como resposta para o usuário parte do texto que aparece na homepage do site solicitado. Mas o ideal é que cada site desenvolva a sua própria interação móvel. Serve de exemplo o Weather.com: ao enviar a palavra “weather” acompanhada do código postal, o usuário recebe de volta a previsão do tempo para sua localidade naquele dia. Outro exemplo é do site de cinema Fandango, que informa por SMS quais os filmes mais próximos do usuário, a partir também do código postal. O projeto preferido de Gromoll é o de uma empresa que instala GPS em ônibus nos EUA e que consegue informar por SMS onde está o veículo desejado. Nos EUA, não há nenhum custo extra para os consumidores, a não ser o preço por mensagem comum cobrado pela operadora, muitas vezes embutido em planos ilimitados. ATUALIZAÇÃO: Na América Latina, contudo, o modelo adotado é de assinatura para o usuário final, a um preço que varia entre US$ 1,5 e US$ 5 por mês.

Apesar da popularização dos smartphones, o executivo acredita que o SMS ainda será muito utilizado por pelo menos mais dez anos. Além disso, em alguns sites pode ser mais rápido obter a informação desejada através de uma interação por SMS do que navegando na pequena tela dos aparelhos celulares. “E em estádios esportivos, mesmo nos EUA, às vezes a conexão de dados não funciona bem, o que torna o SMS uma alternativa mais rápida”, acrescenta.

Gromoll acredita que a solução da Dotgo agrada também as marcas porque elas não precisam se preocupar em promover um número próprio de shortcode. “Não há uma identidade entre a marca e seu shortcode. Ninguém lembra qual é o shortcode da Starbucks. Enquanto isso, dos domínios na Internet quase sempre levam os mesmos nomes de suas marcas”, explica. A expectativa é de que a divulgação do shortcode da Dotgo seja feita em conjunto com as operadoras móveis, que promoveriam o serviço como uma nova forma de navegação na web.

Programação

O desenvolvimento da interação por SMS é feito através de uma linguagem criada pela Dotgo chamada Concise Message Routing Language (CMRL). Gromoll garante que é possível escrever em poucos minutos algumas linhas de programação e embuti-las em qualquer site. “Aprende-se a usar CMRL em 15 minutos. Com cinco linhas de programação está pronto. E não precisa pagar nada para a gente”, explica. “O CMRL está para o SMS como o HTML está para a web”, acrescenta.

Modelo de negócios

A receita da Dotgo provém de duas fontes. A primeira é a oferta de ferramentas extras para as marcas, como relatórios de acompanhamento de acessos via SMS. A outra é através da inclusão de publicidade nas mensagens com conteúdo, dividindo a receita com os sites que aceitarem participar.

Na America Latina, a Dotgo está presente na Bolívia, Colômbia, Guatemala, Honduras, Paraguai, El Salvador e México, neste último em parceria com a Telcel. No Brasil, a princípio, a preferência de Gromoll é por tentar a negociação direta com as teles, em vez de buscar um integrador nacional de SMS.

A Dotgo recebeu aporte de importantes fundos de investimento, como o TomorrowVentures, veículo de investimentos do chairman do Google, Eric Schmidt. A empresa por enquanto prefere não divulgar sua receita e nem o tráfego de mensagens gerado por mês.