| Publicado no Teletime | Internamente, a Anatel avalia que o 5G permitirá que as redes privativas possam experimentar um crescimento exponencial. Durante o Painel Telebrasil 2021 nesta terça-feira, 21, o conselheiro Vicente Aquino apontou que a agência vê na nova tecnologia o potencial para alavancar as aplicações por conta até da maior acessibilidade.
Aquino lembra que as redes privativas já são uma realidade, mas que agora há uma oportunidade maior de desenvolvimento por conta da expectativa de “significativa” queda nos custos. Ele explica que, para ter as exigências extremas de desempenho e confiabilidade, empresas que utilizam o serviço limitado privado (SLP) atualmente precisam de equipamentos especializados, de baixa escala.
“A novidade do 5G é a possibilidade de utilização dos mesmos dispositivos padronizados usados por operadoras. Como esses equipamentos têm larga escala, permite ter um custo mais acessível”, destaca o conselheiro.
Aquino também ressalta que há espaço regulatório para redes privadas nas áreas delimitadas, chamadas de polígonos, e que podem variar de ambientes internos de alguns metros quadrados a locais de vários quilômetros, desde que sem interferência em serviços existentes. Essa nova regulação por polígonos está no novo regulamento de outorgas, e conta com duração de cinco anos.
Para o presidente da ABDI, Igor Calvet, contudo, há ainda arestas a serem aparadas. Uma é a de segredo industrial, aliada à LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados). O executivo afirma ainda ouvir da indústria que a outorga de polígonos “não deixa muito clara a questão do uso primário ou secundário, o que talvez seja um fator limitador”.
Melhor que Wi-Fi
Na condução dos testes de rede privada realizados em parceria com a WEG e a Anatel, a ABDI afirma que os resultados mostraram a eficiência do 5G em ambiente industrial, incluindo em elementos chaves como throughput e latência. Ele explica que os resultados validaram os dados do Release 15 (não standalone), chegando a 80% do limite teórico.
“Também tivemos casos de uso. No caso do 5G, os resultados foram melhores do que qualquer possibilidade de redes Wi-Fi industriais”, afirmou ele, citando casos como câmeras inteligentes e robôs de inspeção com realidade aumentada. Calvet diz que ainda há um “caminho a se seguir” para o Release 16, mas que os resultados dão clareza para as empresas do que a tecnologia pode entregar de fato.
Pesquisa
O executivo da ABDI apresentou dados de uma pesquisa inédita de conectividade e indústria realizada pela FSB Pesquisa no Brasil junto a 401 grandes e médias empresas industriais. Para novas tecnologias, um dos principais obstáculos apontados por 52% das entrevistadas foi a falta de clareza no retorno sobre investimento. Ele associa isso a questões regulatórias, mas mostra que isso não é a única barreira: 78% apontam para alto custo e e 57% falam que é a falta de capacitação de profissionais na empresa.
Outros dados citados por Calvet são de que 86% das entrevistadas afirmaram que usam ferramentas de cloud apenas para realizar reuniões online, enquanto 70% falam de armazenamento na nuvem. “Uma pequena quantidade usa big data, impressora 3D e inteligência artificial – neste último caso, só 10%”, coloca.
Essa pesquisa da ABDI mostra ainda que 73% das entrevistadas não possuem projetos de Internet das Coisas. Nessas empresas, 44% não veem necessidade para o negócio. Por outro lado, das que utilizam IoT, 40% apontam resultados acima do esperado; e 50% dentro do esperado.