A conectividade 5G permitirá às empresas distribuidoras de energia elétrica inserir em sua rede diferentes meios de geração de energia, como eólica e painel solar. Mas, como elas levam muito mais instabilidade para a rede – quando uma nuvem passa o painel solar para e quando há pouco vento ou nenhum a eólica também para – é preciso ter um bom controle dos dados. É o que diz Renato Povia, diretor de estratégia e inovação da CPFL, concessionária do setor de energia elétrica que atua em São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná e Minas Gerais. O executivo, que participou do segundo dia do Painel Telebrasil 2021 nesta terça-feira, 21, acredita que as fontes de energia renováveis vão aumentar quando o 5G chegar, tecnologia que permitirá a inserção de muitos dispositivos à rede elétrica.
“O número de controles e de dispositivos de equilíbrio que são necessários ter na rede são muito maiores do que uma hidrelétrica ou uma termo onde se tem praticamente um botão de liga e desliga”, comparou o executivo.
O 5G também permitirá às utilities que a própria rede de energia trafegue dados. A ideia é poder monitorar os dispositivos e levar para o cliente informações em tempo de real de seus aparelhos, mas também acompanhar a segurança dessa rede elétrica. “É fundamental que a gente tenha a transformação digital e a conectividade para garantir a segurança e a confiabilidade da rede”, disse.
A conectividade vai permitir e facilitar que o usuário da CPFL possa instalar dispositivos como painel solar, termostato ou um carregador de veículo elétrico em sua residência. O executivo explica que a conectividade dará à companhia acesso a esses dados viabilizando o fornecimento de serviços que estejam de acordo com aquele cliente.
Smart grid
A CPFL desenvolveu um projeto-piloto na cidade de Jaguariúna/SP onde foram instalados medidores inteligentes em todos os 22 mil clientes no município. Para que todas as residências tivessem os equipamentos, foram avaliadas e levadas em consideração diferentes tecnologias de conectividade como PLC, LoRa, Mesh e LTE. “Há também toda a forma de manutenção preditiva dos equipamentos sendo feita com dados em tempo real, permitindo ganho de eficiência, de redução de custo e melhor qualidade para os nossos clientes”, completou Povia.
O executivo explicou que a demora em instalar os medidores está no investimento inicial, que é grande. “É importante avançar para o País inteiro e encontrar o equilíbrio dado o custo elevado da substituição”, ponderou.
Tecnologias
A partir de um estudo feito pela CPFL, a empresa identificou a inteligência artificial e o reconhecimento de imagem como as principais tecnologias capazes de transformar o setor elétrico. “Estamos fazendo todo o nosso planejamento estratégico a partir dessas duas tecnologias e elas vão precisar de bastante conectividade. E entendemos que a nossa solução de conectividade não deve ser pautada em apenas uma tecnologia, mas, sim, em uma composição, utilizando a melhor para grandes centros e outra mais adequada para áreas mais afastadas”, explicou.