A China Telecom, uma das maiores operadoras de telecomunicações do mundo, está fazendo uma aposta alta na próxima geração de serviços móveis. Segundo Guiqing Liu, vice-presidente executivo da China Telecom, a transformação de 4G para 5G será revolucionária para a indústria, porque pela primeira vez se abrirão possibilidades reais de novos modelos de negócio. “O 5G pode nos dar muito potencial e pode trazer outras coisas. A transformação de 4G para 5G é revolucionária”. Para se ter uma ideia do tamanho da China Telecom, ela tem, sozinha, 1,3 milhão de estações radio-base . O Brasil inteiro não tem mais de 90 mil. “A transformação pela qual vamos passar passa pela inteligência da rede, pelo slicing do acesso wireless”, explica. Slicing é a capacidade da rede 5G de segmentar os parâmetros da conectividade oferecida a cada usuário, de acordo com o tipo de serviço e a qualidade necessárias, algo muito importante para o desenvolvimento de mercados verticais, em que a conectividade está intimamente casada com o tipo de serviço oferecido a bancos, varejo, indústria, agricultura, energia, cidades inteligentes etc. Hoje a China Telecom já tem mais de 100 milhões de dispositivos IoT ligados a sua rede, e espera ver essa quantidade se multiplicar ainda mais.
Outra aposta importante da China Telecom é na implantação de soluções baseadas em inteligência artificial em nuvem, não só para novos serviços mas também para o próprio funcionamento da rede, com ganhos por exemplo no consumo de energia da ordem de 30%, prevê Guiqing Liu, que foi um dos palestrantes do Global MBB Forum 2018, realizado pela Huawei esta semana em Londres.
Desafios
A China Telecom, contudo, não vê um caminho fácil para o 5G e aponta diversos obstáculos que a indústria precisa vencer. Um deles é a falta de uma aplicação que seja comprovadamente matadora, já que os modelos ainda não foram testados na prática. O acesso fixo parece ser uma promessa importante e o desenvolvimento de verticais também, mas ainda precisam ser testados. Existem também, diz a operadora, incertezas sobre o nível de padronização da tecnologia, já que só agora os sistemas começam a ser instalados.
Do ponto de vista comercial, um desafio é que os valores cobrados hoje para o acesso banda larga são baixos e quase sempre com tráfego ilimitado, então a diferenciação fica mais difícil. A China Telecom ainda tem dúvidas sobre os problemas que terá na prática com a atenuação indoor no uso de frequências mais elevadas, necessárias ao 5G, aos custos ainda elevados de capex e opex por conta das tecnologias non-standalone (que precisam ser colocadas juntamente com as redes de 4G atuais) e pela falta de experiência da indústria em lidar com slicing, mercados verticais e outras potencialidades do 5G.