O Departamento de Justiça dos Estados Unidos e um grupo de estados acataram a sugestão do governo daquele país para que o Google venda o Chrome, separando, assim, seu navegador dos outros produtos oferecidos pela big tech. Na última quarta, 20, o DOJ solicitou a um tribunal federal que obrigue a Alphabet a vender o buscador.
A intenção é remediar o monopólio ilegal no mercado de buscas que perpetua desde 2008, data de lançamento do Chrome.
“O Google deve prontamente e integralmente alienar o Chrome para um comprador aprovado exclusivamente pelos Autores da ação, sujeito a termos que o Tribunal e os Autores aprovem”, declarou o Departamento de Justiça em sua proposta de sentença final.
Além da venda do Chrome, os procuradores deram à empresa uma escolha: vender o sistema operacional Android ou proibir a exigência de que seus aplicativos sejam pré-instalados em dispositivos que utilizam o Android. Caso o Google descumpra esses termos, ou as medidas falhem em promover a concorrência, o governo poderá obrigar a venda do Android no futuro.
“O campo de jogo está desequilibrado devido à conduta do Google, e a qualidade dos produtos reflete as vantagens injustamente adquiridas por práticas ilegais”, afirmou o governo no processo. “O remédio deve corrigir essa disparidade e privar o Google dessas vantagens.”
Os remédios para o Google
Foi solicitada uma lista de medidas destinadas a desmantelar o monopólio de buscas do Google, incluindo:
– proibir a empresa de pagar bilhões a fabricantes de dispositivos, como a Apple, para que o Google seja o mecanismo de busca padrão;
– compartilhar seus resultados de busca nos EUA com outros mecanismos de busca concorrentes pelos próximos dez anos;
– e exigir que a companhia ofereça aos websites a opção de não permitir que seus dados sejam coletados para treinar as ferramentas de inteligência artificial da empresa.
O governo também pediu ao juiz que obrigue o Google a se desfazer de participações em empresas de inteligência artificial que controlem tecnologias concorrentes no setor de buscas.
A Alphabet é investidora da Anthropic, a startup do chatbot Claude.
Na próxima segunda-feira, 25, um juiz federal ouvirá os argumentos finais em outro grande caso de antitruste contra o a big tech, envolvendo tecnologia de publicidade, no Tribunal Distrital dos EUA para o Distrito Leste da Virgínia.
Em resposta, Kent Walker, presidente de assuntos globais e diretor jurídico do Google, classificou a proposta do Departamento de Justiça como “alarmante” e uma “intervenção governamental sem precedentes” em um texto publicado no site da empresa.
“A proposta extremamente ampla do Departamento de Justiça vai muito além da decisão do tribunal. Ela desmontaria uma gama de produtos da empresa — não apenas as buscas — que as pessoas amam e consideram úteis no dia a dia”, escreveu ele.
Walker informou que o Google apresentará suas próprias propostas no próximo mês e defenderá sua posição mais amplamente no próximo ano.