O que houve de mais importante em mobilidade no Brasil e no mundo em 2012? A equipe de MOBILE TIME preparou um resumo para seus leitores, dividido entre as principais tendências e exemplificado por matérias publicadas por este noticiário.
A reinvenção das teles – As operadoras móveis precisaram reinventar sua atuação na área de conteúdo móvel este ano, diante do declínio da receita com serviços relacionados a entretenimento (ringtones, games, conteúdo por SMS etc). A saída foi apostar em áreas como educação. A Vivo começara esse movimento dois anos atrás e agora foi a vez de Claro, TIM e Oi adotarem o mesmo caminho. Serviços como cursos de inglês com assinatura semanal geram receita recorrente com um ciclo de vida muito mais longo que a malfadada assinatura de conteúdo móvel. Outra área nova são serviços na nuvem, como backup e segurança para celulares, uma aposta forte da Claro. Para 2013, o próximo passo deve ser o lançamento de serviços de saúde, novo foco da Vivo.
O boom das start-ups – O Brasil viu em 2012 o surgimento de uma série de start-ups em mobilidade, especialmente nas áreas de m-commerce e m-payment. MOBILE TIME conversou ao longo do ano com várias delas, como Mobo, 2Pay, GoPay e iFood. Merece destaque também iniciativas na área de trânsito colaborativo, como o brasileiro Wabbers, que por sua vez enfrenta a concorrência forte do internacional Waze, que este ano registrou crescimento significativo no Brasil. Para seguirem em frente com as próprias pernas, as start-ups móveis brasileiras precisarão conquistar apoio de investidores. É provável que algumas sejam incorporadas por grandes players internacionais.
Governo acorda para mobilidade – O governo federal acordou para a importância de criar políticas públicas de incentivo ao desenvolvimento da indústria móvel brasileira, a começar pela decisão de desonerar a fabricação de smartphones no País. Outro sinal desse reposicionamento foi a formação de um grupo de trabalho envolvendo o Banco Central, o Ministério das Comunicações e a Anatel para definir uma regulamentação para serviços de pagamento móvel no País, o que vai viabilizar que teles ofereçam transferência de valores via SMS. Por sinal, parcerias importantes ganharam forma este ano com esse propósito, como aquela entre Claro e Bradesco e outra entre Vivo e Mastercard.
Do lado da Anatel, houve duas demonstrações de força importantes sobre o mercado de mobilidade: a suspensão da venda de linhas celulares por duas semanas em julho para as teles com maior número de reclamações em cada estado (a mais afetada foi a TIM) e a ordem para que refizessem o seu cadastro de opt-in para publicidade via mensagem de texto, consultando todos os assinantes sobre o interesse em receber propaganda por esse canal.
NFC: não foi dessa vez – Ao contrário do que muitos previram, 2012 não foi o ano do NFC. O maior balde de água fria foi a ausência dessa tecnologia no iPhone 5, da Apple. Porém, cresceu o interesse por parte de outros fabricantes, especialmente Nokia, Samsung, Sony e RIM, que incluíram e deram destaque à funcionalidade em seus modelos top de linha lançados nos últimos meses, como a família Lumia da Nokia e o Galaxy SIII, da Samsung. Além disso, várias operadoras internacionais, como Vodafone, Orange, Telecom Itália e T-Mobile, contrataram plataformas de Trusted Service Manager (TSM), fundamentais para o lançamento de serviços de NFC no SIMcard. No Brasil, surgiram novas experiências, como o serviço PagSeguro, do UOL, e alguns testes do CPqD e da GSMA. Definitivamente o NFC é uma área para se prestar atenção em 2013.
Smartphones: um mundo polarizado – Os smartphones merecem um capítulo à parte. Seus preços caíram drasticamente este ano no Brasil, mesmo antes de sancionada a desoneração da sua produção, e as vendas sobem a passos largos. A classe C descobriu o smartphone e isso vai alavancar vários aplicativos móveis em 2013. Tendências similares de queda de preços e de aumento substancial de vendas já foram verificadas este ano no segmento de tablets no Brasil e deve ganhar força em 2013. O País já é o décimo maior mercado de tablets do mundo.
Em âmbito internacional, os holofotes se voltaram para a briga entre Apple e Samsung, que saiu das prateleiras e alcançou os tribunais, com as duas empresas se acusando mutuamente de quebra de patentes. Na prática, a disputa judicial contribuiu para que as duas marcas se consolidassem ainda mais no mercado de smartphones. A polarização é nítida também quando se analisa o calendário de lançamentos: a Samsung apresenta seu novo Galaxy S no primeiro semestre e a Apple lança seu novo iPhone na segunda metade do ano. Parece até um acordo de cavalheiros, para dividir de forma equilibrada a atenção da mídia do mundo inteiro. No âmbito dos sistemas operacionais, Android e iOS concentram cerca de 90% das vendas. Há quem corra por fora, como a Nokia, que aposta em um novo sistema operacional, o Windows Phone, mas pena com a falta de aplicativos na loja dessa plataforma. A grande decepção do ano foi a RIM, que atrasou o lançamento do sistema operacional Blackberry 10, considerada a sua última chance de sobrevivência. Se não der certo, as apostas são que em 2013 a empresa seja dividida em duas: uma área de terminais, que seria vendida, e uma área de serviços, que seguiria em operação.
4G para ministro ver – No setor de infraestrutura, a notícia do ano foi o começo da instalação de redes 4G, que prometem velocidades teóricas de download próximas a 100 Mbps. A Claro saiu na frente, montando redes em Campos do Jordão, Búzios e Paraty em agosto, mesmo antes de haver celulares 4G à venda no Brasil. Para não ficar para trás, a Oi fez o mesmo, com uma rede no Leblon, em outubro. A primeira rede comercial propriamente dita foi lançada mais perto do fim do ano, em Recife, pela Claro. A operadora optou por não cobrar mais caro pela velocidade, mas limitar o acesso à rede 4G para os assinantes que contratarem franquias maiores de dados, a partir de 5GB. É provável que as demais teles sigam o mesmo caminho. As redes só começarão a funcionar para valer ao fim de abril de 2013, inicialmente nas cidades-sede da Copa das Confederações, pois é uma das obrigações assumidas pelas operadoras quando da compra das licenças de 4G. No que diz respeito aos fabricantes de infraestrutura de rede, a Ericsson foi a grande vencedora no 4G, conquistando contratos com todas as quatro teles nacionais. Huawei veio em segundo lugar, seguida de Nokia Siemens e Alcatel-Lucent.