Mais de 400 mil carros no Brasil enviam informações para a plataforma da Here todos os dias. A empresa, que tem um market share de 90% dos carros com navegação embarcada no País, vê o Brasil como um de seus principais negócios no mundo, como explica Vinicius Ferreira, gerente de produto da Here.
“Estados Unidos é o nosso maior consumidor. Mas o Brasil está no nosso top dez e tem grande potencial de crescimento”, afirmou Ferreira em entrevista ao Mobile Time. “Quando a Here decidiu entrar no Brasil, o investimento local foi um dos maiores. Similar à entrada nos EUA. Mesmo durante a crise brasileira, a nossa empresa cresceu”.
O executivo explicou que a cada 15 dias os mapas são atualizados para os motoristas brasileiros. Isso gera, por ano, 30 milhões de mudanças na cartografia digital da plataforma para o Brasil, em outros termos, algo próximo a 400 mil km ou 20% dos 2,3 milhões de km navegáveis no País. Entre as alterações estão desde de vias novas até mudança de velocidade e sentido de direção.
Governos e corporações
Embora tenha clientes como Amazon, Facebook, Samsung, Microsoft, Yahoo, ESRI, SAP e Oracle em sua carteira, Ferreira fala com empolgação sobre ações feitas com o setor público. Em especial, cita a gestão de 5 mil carros do COI e COB durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio 2016, o apoio ao replanejamento urbano de Buenos Aires e a redução de gargalos em vias expressas de Amsterdã.
“O nosso discurso é multimodal. Fazemos análise de tráfego (traffic analytics) e comportamento por geomarketing. Temos ferramentas de map creator (web e app), SDK Mobile (cobrado por licença), lançamos em beta neste ano o Open Location Platform (plataforma para IoT da Here com um pipeline com 200 empresas interessadas no mundo) e ano que vem deve chegar ao grande público”, ressalta o gerente.
Não à toa que a empresa não atribui seu crescimento apenas aos mapas embarcados nos carros. O segredo do seu sucesso está também nos trabalhos desenvolvidos junto ao meio corporativo e às instituições públicas, pois os dados recebidos dos carros podem ajudar em inúmeras funções como, por exemplo, no gerenciamento de frotas e no trânsito.
“O nosso portfólio começa no mapa, mas nós também auxiliamos empresas e governos na parte de planejamento. Graças à nossa massa crítica de volume com mais de 700 milhões de pontos por segundo de um carro, sem contar seus sensores”, completa.
Mobile e Indoor
Outra vertente exponencial do negócio da Here é o mobile. A companhia tem o seu app Here We Go (Android, iOS) que possui mais de 14 milhões de usuários no mundo apenas em dispositivos com o OS do Google. No entanto, Ferreira frisa que o número de internautas que usam seus mapas é muito maior, uma vez que ele acaba entrando como serviços de parceiros como Facebook, Amazon, Yahoo, Samsung e Garmin: “Através de nossos clientes e parceiros fornecemos serviços de localização para mais de 140 milhões de usuários únicos no Brasil”.
O Here We Go ganhou recentemente a opção de mapeamento indoor. Uma solução que está disponível para os usuários do app, além de outras plataformas de parceiros da Here, como portais e aplicativos especializados em viagens. Questionado sobre o uso da tecnologia no Brasil, Ferreira disse que não pode divulgar o número de usuários do País.
Futuro do negócio
A empresa, que nasceu como Karlin & Collins/Navteq, nos EUA, em 1985, foi comprada pela Nokia em 2004, e depois adquirida por um pool de grandes montadoras alemãs (Audi, Daimler e BMW) em 2015, tem, atualmente, sua maior receita vinda de mapas embarcados e de licenças pagas de seu SDK móvel. Mas o executivo não quis revelar os valores por confidencialidade. Contudo, Ferreira ressalta que IoT está concentrando a maior parte dos investimentos, que totalizam cerca de 640 milhões de euros.
A Here vem trabalhando com a criação de uma plataforma IoT para carros conectados que surge como grande expoente da empresa. Tanto que vem investindo na compra de companhias nesse segmento, como a Advanced Telematic Systems (ATS). A solução, que está em testes na Europa, faz com que os sensores dos carros capturem informações sobre a via, direção e outros veículos. Os dados serão enviados para a nuvem para serem analisados e enviados a todos os automóveis para uma tomada de decisão.
“Com os sensores dos carros, o mobile – que hoje é uma grande fonte de dados – vai ficar pequeno”, disse. “A ideia é ter tudo mapeado e receber os dados dos sensores para saber se está chovendo, se tem alagamento, buraco na pista, tudo que envolve a direção em uma via”.