O mercado de Internet das Coisas (IoT) no Brasil enfrenta diversos desafios para sua massificação. Um deles é encontrar soluções “de prateleira” de qualidade, atualizadas e prontas para serem implantadas rapidamente. Para alguns especialistas, essas alternativas instantâneas simplesmente não existem e cada projeto tem suas necessidades e seu tempo de implementação. O assunto pautou o painel de abertura do Fórum de Operadoras Inovadoras, feito por Mobile Time em parceria com Teletime, nesta quarta-feira, 22, em São Paulo.
“Não existem soluções de prateleira de IoT, dificilmente vai existir. Em IoT, se discute o negócio. Não necessariamente o seu negócio é igual ao de outros, por mais que você esteja no mesmo segmento. Sempre vai ter uma lapidação necessária, nesse desenvolvimento, para entregar a solução. Essa é uma característica do IoT”, defendeu Paulo Spacca, CEO da Abinc (Associação Brasileira de Internet das Coisas ).
Para Carlos Azen, gerente de financiamento do BNDES, deve haver um equilíbrio. De um lado, não é possível que as empresas se dediquem apenas a projetos customizados, que precisam de um desenvolvimento do zero, demorando de meses a anos para implementação. Do outro, também não dá para oferecer apenas soluções prontas. Na visão dele, a massificação do IoT vai depender desse equilíbrio.
Azen salientou a importância dos integradores no ecossistema de IoT, para que isso ocorra. É este player que está mais próximo do cliente final. “Ele é até agnóstico à tecnologia”, apontou. O integrador é quem faz o consórcio de tecnologias, entende a dor cliente e é capaz de criar uma padronização mínima na oferta e na geração de valor, segundo Azen.
“O integrador tem que ter a maturidade de criar pacotes mínimos, para reduzir a complexidade para o cliente. Quando a empresa chega com a tecnologia bem resolvida, mas não entendendo as dores do cliente, não vai longe. Se, por outro lado, quer fazer um negócio padronizado, para vender para vários clientes, não vai funcionar tampouco. Acho que o segredo é quem está empacotando muito bem algumas aplicações mínimas. Partindo de um pacote mínimo, você vai sofisticando e faturando em cima disso”, explicou.
José Gontijo, ex-secretário de empreendedorismo e inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), compartilhou da mesma opinião. Dentro de um setor, uma empresa que faz exatamente o mesmo que outra pode necessitar de soluções diferentes. Enquanto uma utiliza IoT para capturar dados e fazer medições, por exemplo, a demanda da outra é atuar remotamente com inteligência artificial (IA). “Pode ser ‘de prateleira’, sim, mas não a tecnologia – o serviço”, comentou.
Um consenso entre os painelistas foi de que as soluções de conectividade já não são mais um problema para a massificação do mercado de IoT, porém há outros desafios. A falta de soluções “de prateleira” é um impeditivo para a expansão da tecnologia. Uma das pessoas que acompanhavam o painel, José Antonio Mechaileh, head de 5G do integrador Edge UOL, apontou para o fato de sempre desenvolver projetos únicos ser algo dispendioso.
“Falando em 5G, especificamente, tem menos ainda. Os dispositivos IoT para fazer implantações em campo são raros e os que têm de prateleira são de banda muito estreita, mais antigos. Qualquer coisa um pouco mais complexa tem que ser desenvolvida caso a caso. O problema é a falta de soluções ‘de prateleira’ para entregarmos rapidamente para o mercado. Esse é um fator complicador”, comentou.
Fórum das Operadoras Inovadoras
O Fórum das Operadoras Inovadoras continua nesta quinta-feira, 23, no WTC, em São Paulo. Em seu segundo dia, o evento promovido por Mobile Time e Teletime contará com painéis sobre os desafios comerciais e regulatórios das MVNOs, FWA e integração de ISPs com as redes neutras. Participarão dos debates executivos de Veek, Rico Telecom, Magalu, Qualcomm, Omdia, Huawei, Intelbras, Nokia, American Tower, entre outras empresas.