Podemos analisar o grande potencial do mercado de mobile commerce no Brasil juntando os dados de dois outros mercados: o de comércio eletrônico e o de smartphones. Se considerarmos que o e-commerce cresce a uma taxa de 40% ao ano (segundo a consultoria e-Bit), que existem quase 30 milhões de smartphones no Brasil e que 66% deles possuem conexão 3G, podemos concluir que já existem condições estruturais para que a compra pelo aparelho seja uma realidade. Números recentes do Google corroboram esta hipótese: 31% dos usuários de smartphones no Brasil já fizeram alguma compra de serviço ou produto via celular. Destes, 54% adquiriram algum produto no mês passado.

Portanto, o m-commerce é um mercado que não pode ser ignorado. A primeira experiência que a Concrete Solutions teve com este assunto foi em 2007, ainda antes de a rede 3G e os smartphones chegarem a todo o Brasil. A empresa trabalhava com portais de SDP em países da Ásia, África e da América Central em uma parceria com a então líder de mercado MobileAware. Os projetos eram vendas de serviços de valor agregado, ringtones e jogos no portal da operadora, cujo pagamento era feito em conta. Na época, a receita ficava na operadora móvel, e não era perdida para as app stores. De lá para cá, houve uma mudança brusca de paradigma: antes vendíamos bens digitais em um meio móvel, enquanto hoje o desafio é vender produtos físicos por este canal.

Apesar de Steve Blank, em seu "Startup Owners Manual" explicitar que a revolução ocorre quando chegamos ao patamar de bens digitais vendidos por meios digitais, eu acredito que ela só se consolida quando bens físicos são vendidos por mídias móveis. São mais de 100 milhões de canais de venda em potencial, que estão o tempo todo junto ao consumidor.

E qual é a principal barreira para que a compra pelo celular seja mais comum? A questão é cultural. De acordo com o Google, 66% dos usuários ainda preferem fazer compras via web pelo computador e 34% deles afirmam que não se sentem seguros ao inserir o número do cartão de crédito no aparelho. Outro empecilho é a qualidade da infraestrutura no Brasil, que oferece uma rede 3G de baixa qualidade, impedindo dois diferenciais intrínsecos ao m-commerce: a facilidade e agilidade da compra. Como complicador adicional, o que já é um problema do e-commerce, existe a logística para entrega dos produtos.

Mesmo com esse cenário, vejo grandes oportunidades para o m-commerce em terras brasileiras. Temos os três fatores chave: cultura, dispositivos e rede. Assim como, a cada ano, a população acredita mais na segurança do comércio eletrônico, a questão cultural é questão de tempo. O número de smartphones cresceu, em média, mais de 75% ao ano nos últimos dois anos, e tende a manter este patamar. Com a chegada do 4G, a rede 3G deve ser desafogada pelos heavy users, e teremos uma sensível melhora. Quanto à logística, assim como o e-commerce está encontrando meios mais ágeis de entrega, o mobile também encontrará um modus operandi viável, ainda que mais dificilmente, pois o momento de emissão do pedido é mais rápido. Portanto, o cenário é bastante positivo. Cabe às empresas estarem atentas e terem vontade de conquistar esse território cheio de boas oportunidades de negócios.

 

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