Especialistas presentes em painel no Forum de Saúde Digital, realizado nesta segunda-feira, 22, em São Paulo, acreditam que a chegada de wearables e da Internet das Coisas (IoT) ajudará no desenvolvimento da saúde digital, mas ainda há barreiras para o setor romper.

De acordo com o sócio da Bain & Company em São Paulo, Bernardo Sebastião, em cinco anos o número de dispositivos ligados às redes de saúde deve aumentar significativamente. Contudo, em sua visão, os desafios do setor passam pela regulação, padronização e modelo de negócios.

“Do ponto de vista tecnológico tem a conectividade e o padrão da tecnologia como desafios”, afirmou o executivo português. “No modelo de negócios, as empresas de saúde ainda precisam saber como vão dividir essa economia com diferentes players: pacientes, provedores de tecnologia e provedores de saúde”.

Já para Guilherme Rabello, gerente de inteligência de mercado da Inova InCor, da Fundação Zerbini, a tecnologia e o modelo de negócios são os pontos mais críticos para o desenvolvimento do setor. Em especial, Rabello cita a participação das operadoras de telefonia, que devem prover um serviço seguro para suas aplicações e dispositivos continuarem conectados e mantendo o monitoramento de seus pacientes em tempo real.

“O modelo de negócios para as empresas de saúde que querem entrar neste universo é o que será mais complexo. Por ser disruptivo, muitas empresas vão ter que repensar o atual modelo de cobrança”, relatou o gerente. “Já vimos no passado recente tecnologias com potencial que não deram certo, pois o modelo de negócios estava errado. “Neste caso, o apoio das telecoms será importante e crítico para o setor continuar investindo”.

Evangelização da tecnologia

Durante palestra no Fórum Saúde Digital, os dois especialistas do setor de saúde ainda revelaram que IoT e o uso de dispositivos está em uma etapa inicial de “evangelização”. Como sugestões para o mercado, eles sugerem o monitoramento constante e a prevenção da saúde do paciente.

Sebastião exemplificou com um caso de um hospital de Toronto, Canadá, que fazia monitoramento para a prevenção de infecção sanguínea em bebês prematuros. Por sua vez, Rabello trouxe casos de outros setores que já fazem o monitoramento como prevenção, como as seguradoras de carros, que dão descontos aos bons motoristas. Ele ainda relata que as empresas de saúde devem prestar mais atenção ao seu público-consumidor. “Será que a minha evangelização tem que ser com quem provê o serviço ou com quem o recebe?”, questionou à plateia o gestor da Fundação Zerbini. “Hoje, o paciente tem mais poder de escolha. É com ele que a gente precisa se relacionar”.

 

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