Medo e falta de relacionamento com o mercado. Esses seriam alguns dos motivos para empresas de saúde brasileiras não investirem em start-ups. Durante a sétima edição do Fórum Saúde Digital, realizada nesta segunda-feira, 22, em São Paulo, empreendedores relataram para a plateia que a falta de apoio das empresas de saúde atrapalha o desenvolvimento do setor no País. A crítica dos desenvolvedores surge no mesmo dia que a Apple comprou mais uma empresa de saúde, a Gliimpse. Questionados se a saúde perde espaço para empresas de tecnologia, eles foram categóricos: sim, e a principal razão é o medo.
Como explicou o suíço Immo Oliver Paul, CEO da Carenet, companhia de coleta de dados mobile por meio de gateway para casa ou APIs para aplicativos: “As empresas de saúde no Brasil não sabem trabalhar com start-ups. Geralmente a gente falar com gerentes, mas eles não querem arriscar”.
Segundo Fernando Vitti, CMO da Vitta – empresa de pagamentos móveis e de plataforma de gestão hospitalar, as start-ups têm como missão “quebrar a barreira” desse receio de investimento em tecnologias, como dispositivos, plataformas, aplicativos e outros objetos conectados.
Modelo de negócios e evangelização das empresas
Já para outros dois executivos, o problema está no modelo de negócios e no relacionamento entre empresas e pacientes. José Carlos Vilhena, gerente geral da Vital App, lembrou que estamos em fase de evangelização da tecnologia: “Estamos em processo de evangelização mesmo. Eu acho estranho você chegar no hospital e não ter um tablet para a triagem. Fazem no papel ainda”.
Mais crítico, o CEO e sócio fundador da Solis, Carlos Eli Ribeiro, acredita que modelo de negócios deve ser repensado. Cita como exemplo o fato de médicos ganharem por “produtividade”, quando deveriam receber por qualidade do serviço prestado. “Temos que discutir qual o melhor modelo de negócios. Particularmente eu acho que o médico não tem que ganhar por quantidade, mas por qualidade”, disse o CEO da empresa que criou uma plataforma de digitalização de prontuários e receitas médicas.