A entrada da transformação digital no cotidiano das pessoas e das empresas já é uma realidade. Big Data, cloud, inteligência artificial (IA) e Internet das Coisas (IoT) são termos que pouco a pouco ganham o vocabulário das companhias. No entanto, Tonny Martins, presidente da IBM Brasil, acredita que é preciso cautela neste cenário.
“Há mudança nas cadeias de valor. Hoje vemos as cadeias – transportes, comunicação e indústria – sendo quebradas. Os ecossistemas vão mudar o papel nesta transformação. Na visão dos executivos, 84% das indústrias e dos respondentes acreditam que o ponto de inflexão é iminente. As pessoas acreditam que a evolução são os chatbots, mas quando olhamos essas iniciativas, é preciso tomar cuidado pois eles podem criar os legados digitais”, disse Martins durante evento da Abes na última segunda-feira, 20.
O executivo explicou sua ideia de legados digitais: “A transformação digital precisa ser bem planejada e executada para que as empresas possam extrair benefícios das inovações tecnológicas e plataformas digitais (IA, IoT, apps e APIs) que já são uma realidade. Ao mesmo tempo, deve-se criar um modelo sustentável e escalável de forma a evitar gargalos e ineficiências futuras (um legado digital que seja de difícil manutenção, operação e evolução)”.
Na própria segunda, a gerente geral da Microsoft Brasil, Paula Bellizia, também defendeu que o emprego de novas tecnologias, como a inteligência artificial, não pode ser tratado como mais uma etapa na cadeia da evolução tecnológica.
“A IA tem que ampliar a capacidade humana. Se isso é verdade, nós (Microsoft) entendemos que precisamos ficar atentos sobre quem desenvolve e para quem a tecnologia é desenvolvida”, frisou Bellizia. “Tem uma forma estruturada de lidar com os desafios da transformação digital. Tem que haver uma mudança cultural. Através da mentalidade de aprendizado tem como mudar o curso das coisas. Não pode ser apenas uma solução”.
Por sua vez, Laércio Cosentino, CEO da Totvs, disse que a realidade brasileira é diferente para a transformação digital. E, embora os jargões da tecnologia estejam na boca de todos, na realidade, são poucas as empresas que viraram a chave para o digital.
“Precisamos falar mais de inteligência artificial, IoT e blockchain. Algo que não está permeando aqui. Hoje, nós (Totvs) somos mais digitais que muitas empresas que a gente representa. O desafio que se tem hoje com a transformação digital, tem cada vez mais concorrência, o mundo de startups tem muita coisa. Quando se fala em transformação digital, cabe às empresas o questionamento: como vamos incluir mais empresas e mais pessoas?”, disse Consentino.
“A nossa função é fazer com que o cliente entenda tudo o que estamos fazendo. Exemplo: nós estamos deixando um rastro digital com os dados. Quem compreender esse rastro vai entender essa jornada, as tendências de consumos e os hábitos dos consumidores, e poderá customizar produtos e serviços. É preciso entender que a transformação digital é uma jornada”, completou Cosentino.
No painel, que antecedeu a sabatina com os candidatos à presidência, Maurício Ruiz, gerente geral da Intel no Brasil, defendeu ainda que a tecnologia deixou de ser “um penduricalho” nas empresas. Para ele, a tecnologia passou a ser vital nos negócios das companhias, mas, assim como Tonny Martins, defendeu mais preparo no setor. “Disrupção é uma oportunidade. Ela só é ruim quando governo e empresas não estão preparadas”, alerta Ruiz.