A disponibilidade de conexão satelital em dispositivos móveis a partir do release 17 do 3GPP, através das chamadas redes não-terrestres (NTN, na sigla em inglês), vai viabilizar uma série de novos casos de uso, especialmente em Internet das Coisas (IoT), em razão do barateamento dessa comunicação. É o que prevê Erik dos Santos, CEO na América Latina da SIMCom, fabricante chinesa de módulos IoT que anunciou recentemente o lançamento no Brasil do seu primeiro modelo que suporta NTN.

“O NTN será uma mudança tecnológica grande nesse segmento, pois causará uma reduçãosignificativa no custo satelital”, comenta Santos, em entrevista para Mobile Time. Sua expectativa é de que o preço da conectividade via satélite caia mais da metade com a chegada dessa nova tecnologia.

O primeiro impacto será no serviço de rastreamento de frotas. Hoje, os provedores desse tipo de solução utilizam uma combinação de 2G e comunicação por satélite. Quando não há cobertura da rede celular, o equipamento troca para o satélite. Isso acontece com frequência nas estradas brasileiras, durante monitoramento de caminhões. Só que essa comunicação por satélite custa muito caro. A tendência é que esse mercado migre assim que possível para soluções de redes não-terrestres.

E aplicações que hoje são praticamente inviáveis economicamente em razão do custo do satélite, passarão a ser possíveis. Uma delas são sensores marítimos, para envio de dados sobre as condições dos mares, cita Santos.

Outra aplicação beneficiada seria o monitoramento de contêineres em navios. Neste caso, poderia ser adotada uma solução combinando LoRa e NTN. Transmissores LoRa instalados dentro dos contêineres mandariam dados para um Gateway NTN no navio, que por sua vez encaminharia para ao painel de controle de monitoramento de ativos do provedor do serviço.

Uma terceira aplicação seriam terminais para pedido de socorro. Eles seriam terminais NTN, para comunicação satelital em qualquer parte do mundo, e que se conectariam via Bluetooth ou outra tecnologia com um celular comum do usuário para fornecer conectividade suficiente para envio de uma mensagem de socorro, junto com a localização da pessoa.

NTN, SIMCom

Erick dos Santos, CEO para a América Latina da SIMCom (Crédito: Divulgação)

Dados da SIMCom e NTN

A SIMCom foi fundada ena China em 2002. Ao longo da sua história já vendeu mais de 500 milhões de módulos IoT. No Brasil, foram mais de 1 milhão nos últimos quatro anos.

O módulo com NTN se chama SIM7070G-HP-S. Ele é capaz de se comunicar com satélites pelas bandas S e L, e funciona tanto com satélites geoestacionários quanto de baixa órbita (LEO). Ele usa o chipset Qualcomm 9205-S, desenvolvido especialmente para redes não-terrestres. No caso de redes móveis, suporta NB-IoT e CAT-1. Não funciona em 2G.

Esse módulo está em processo de certificação na Anatel e está passando por testes na Skylo, uma das operadoras com planos de atuar no Brasil com redes não-terrestres. E há conversas em andamento com um fabricante de rastreadores de caminhões interessado em adotar o módulo no Brasil, a BWS IoT.