Para este ano, Paolo Malinverno, head de estratégia e inovação da Sensedia, apresenta cinco tópicos que serão tendência no mundo das APIs em 2024. Entre eles está o uso da inteligência artificial generativa de modo a deixar as APIs cada vez mais amigáveis. Confira abaixo:

– uso da IA generativa nas APIs;

– engenharia de plataforma torna-se mais sistemática;

– amadurecimento do open finance em todo o mundo;

– API gateways múltiplos/federados tornam-se mais comuns;

– o consumo não-técnico de APIs intenso.

De acordo com a empresa, como o mundo dos negócios depende cada vez mais das APIs – e os consumidores desta tecnologia aumentam exponencialmente –, para este ano essas tendências serão intensificadas e vai haver uma evolução constante das aplicações.

IA nas APIs

A ideia é que, com o uso da inteligência artificial, em especial a generativa, as APIs fiquem cada vez mais amigáveis para o usuário final e as interações ficarão mais fáceis e simplificadas. Malinverno acredita que as interfaces vocais serão ainda mais difundidas, especialmente nos idiomas mais usados (como o inglês). A IA afetará a experiência do usuário e exigirá das empresas uma reformulação significativa nas APIs.

Com o hype do tema, as empresas vão querer inserir IA em seus produtos e serviços de modo a tentar alavancar suas aplicações. E os provedores dessa tecnologia vão oferecer APIs como um canal de distribuição e integração.

Malinverno ressalta que o consumo intenso de APIs de IA deve ser feito com governança e muito cuidado, já que é preciso levar em conta o consumo não-humano das APIs, uma vez que todo tipo de programa vai usar a solução e não necessariamente terá um humano por trás. Em resumo, o executivo recomenda cautela e o uso de APIs de IA com governança.

Engenharia de plataforma torna-se mais sistemática

A engenharia de plataforma é algo que ainda não engrenou neste mercado, mas para Malinverno as empresas que entenderem que engenharia de plataforma é a Economia de APIs feita da maneira correta, vão ser bem-sucedidas. Mas, para isso, os provedores de APIs devem entender que sua missão é fornecer aos consumidores de APIs o que eles precisam de maneira amigável e self-service.

O especialista recomenda que os provedores coloquem em suas plataformas somente soluções que tenham demanda e que atendam a vários consumidores de APIs.

Open finance amadurece mundialmente

O open finance está avançando de maneira diferente nos países. Onde a regulação está mais avançada, a tendência é que se tenha o seu amadurecimento mais rapidamente. Em 2024 as instituições financeiras em países avançados de open banking (como Brasil ou Escandinávia) entenderão que a abertura de dados para seus clientes é uma oportunidade de negócios, geração de novas receitas e novas oportunidades.

API gateways múltiplos/federados tornam-se mais comuns

Muitas empresas lidam com múltiplos gateways e essa situação pode causar alguns desafios, ainda mais quando não possuem conhecimento de como gerenciar este cenário. Podem ocorrer arranjos de governança descentralizados, nos quais alguns desenvolvedores podem adotar gateways de código aberto sem coordenação central. Adicionalmente, acordos de migração para nuvem podem introduzir novos gateways, criando uma complexidade adicional na gestão e coordenação de políticas em toda a empresa.

Não à toa, a previsão para 2024 é que as empresas tenham uma abordagem mais unificada na gestão de políticas centralizadas em múltiplos gateways. Esse será um diferencial estratégico importante, segundo Malinverno. Esse cenário destaca a constante evolução no campo do gerenciamento de APIs, à medida que as empresas buscam otimizar suas operações em um ambiente digital cada vez mais interconectado.

Consumo não-técnico de APIs dispara

Empresas desenvolvedoras de APIs, inclusive a Sensedia, estão usando A IA generativa para projetar, documentar e testar as APIs que produzem.

“Não importa quão boas sejam as capabilities de busca que os provedores de API management colocam em seus portais de desenvolvedores, os desenvolvedores treinarão as ferramentas de IA generativa que os auxiliam (e as ferramentas treinarão os desenvolvedores) para encontrar a API que atenda às suas necessidades em qualquer lugar do mundo. É fácil ver que, após alguns meses de treinamento, as ferramentas de IA generativa se tornarão mais precisas em sugerir APIs possíveis para uso. Eventualmente, elas incorporarão APIs no design sem nem mesmo perguntar ao desenvolvedor”, escreve a Sensedia em seu relatório sobre as cinco principais tendências do mercado para 2024.

Para Malinverno, este mecanismo aumentará ainda mais o consumo de APIs, mas este ano é só o início. Mas o que será um divisor de águas será o consumo não-técnico e não-humano de APIs.

Um dos exemplos são as plataformas low-code, que permitem pessoas não especializadas montarem suas aplicações com APIs e outros building blocks – através de marketplaces de APIs.

Outro exemplo dado pelo executivo é o consumo não-humano de APIS pelos chatbots cada vez mais frequente. Há ainda os dispositivos conectados, como geladeiras inteligentes que reabastecem itens já consumidos a partir da integração de APIs. São o que Malinverno chama de clientes não-humanos.

“Dispositivos de consumo conectados, como geladeiras que reabastecem seus itens diários (leite, por exemplo), representarão um aumento no tráfego de APIs – sem mencionar os clientes digitais. Esses clientes não-humanos compram (produtos ou serviços) online por meio de sites, aplicativos ou redes sociais. Muitas empresas de produtos de consumo estão se preparando para aproveitar isso. No entanto, é imediato perceber que clientes digitais prefeririam não utilizar interações humanas, como sites e redes sociais – para eles, é muito mais rápido e menos propenso a erros chamar uma API”, escreveu Malinverno em seu relatório.

E, para completar, ele cita a IA generativa. “Large Language Models (LLMs) podem processar descrições de OpenAPI, especialmente aquelas que transmitem o significado e o propósito daquela operação específica, e usar isso para qualquer tarefa que estejam tentando realizar”.

Imagem: captura de tela de Paolo Malinverno, head de estratégia e inovação da Sensedia

 

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