O modelo de negócios da rede neutra já não é um assunto inédito, mas na visão da Megatelecom, é a estratégia que permite focar mais no cliente e na transformação digital. Especialmente, transformar os paradigmas das operadoras. “Eu não quero mais ter rede. Se quiserem fazer oferta [pela infraestrutura atual], a gente conversa. Queremos ter é data center, é ser TI”, declarou o CEO da empresa, Carlos Eduardo Sedeh, durante o último painel do Fórum de Operadoras Inovadoras (FOI 2023) nesta quinta-feira, 23.
A Megatelecom é uma operadora com foco no corporativo, e, na visão do executivo, como cliente de rede neutra, quanto mais fornecedores da infraestrutura, melhor. Tanto que durante o FOI 2023, ele anunciou o contrato com a I-Systems e com a Fibrasil para o uso das redes neutras, e durante o painel, demonstrou interesse em também conversar com a American Tower.
Para Sedeh, a estratégia é melhor direcionada para a ponta. “Empresa não tem mais para que ter rede”, declarou. “Não quero furar chão, fazer contrato com utilities, lidar com fibra que quebra à noite ou máquina de fusão roubada.”
Consumidor final
Já a Obvious é uma empresa focada em clientes finais. CEO da operadora, Gonzalo Fernandez Castro, conta que utiliza a rede da V.tal, e que tem a expectativa de ser uma empresa totalmente digital, nos moldes de plataformas como Netflix e Nubank. A companhia tem atualmente 16 mil acessos e aposta na diferenciação do atendimento. “O mercado tem problemas, o cliente não está super satisfeito, e é ai que existem oportunidades de crescimento para operadoras digitais”, declarou. Ele dá um exemplo de como a atuação deve ser, no seu entendimento: “Vendíamos 1 Gbps por R$ 299, e reduzimos para R$ 159. O cliente não acreditava – ele estava acostumado a ser abusado por empresas de telecom”, exemplificou.
Castro entende que o caso de negócios é relativamente novo, mas essa abordagem vem tendo boa recepção. E lembra que as empresas por trás das redes neutras não são aventureiras. “São os maiores investidores do mundo, nomes enormes como BTG, CDPQ etc. O começo dá certo, e não tenho dúvida de que vai (continuar) dando certo. Tanto pelo poder econômico quanto na equação de escala isso faz sentido”, avalia.