O mercado cinza de smartphones no Brasil deve totalizar entre 10 milhões e 12 milhões de unidades vendidas em 2024, o que representará praticamente o dobro do que foi comercializado no ano passado. Em 2023, foram 6,2 milhões de unidades. Esse mercado não para de crescer, enquanto as vendas legais se mantêm estáveis, o que faz com que o mercado cinza aumente cada vez mais a sua participação.
“O crescimento do volume (de vendas de contrabando) foi quase que exponencial no ano passado – com base naquilo que a gente acompanha do Paraguai. No fim do ano passado, cerca de 1 milhão de produtos chegaram do Paraguai por mês. Como essa mesma média se mantém, é bastante plausível que, na casa de 1 milhão em janeiro, 1 milhão em fevereiro, a gente tenha um volume maior e mais expressivo do que vimos no ano passado. Não é nada preciso, mas é um norte. O problema foi grave no ano passado, mas tende a ser pior neste ano”, resume Reinaldo Sakis, diretor de pesquisa e consultoria sobre dispositivos para o consumidor final na América Latina da IDC em conversa com Mobile Time.
No começo deste ano, a estimativa da IDC era de que o mercado cinza aumentasse entre 25% e 30% em 2024.
De acordo com cálculos da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica), o governo federal deixa de arrecadar R$ 4 bilhões por ano em impostos por causa do contrabando de smartphones. Somente o estado de São Paulo perde R$ 1 bilhão de ICMS por ano com isso, estima.
Os aparelhos contrabandeados entram no Brasil de caminhão pelo Paraguai, de acordo com a IDC. O Paraguai importou no ano passado 16,7 milhões de smartphones, quase três vezes mais do que a sua população de 6,7 milhões de habitantes. A Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal fazem um trabalho contínuo de investigação e de apreensões, mas se trata de uma tarefa árdua, pois os contrabandistas atuam de maneira pulverizada.
“Quando a polícia apreende 2 mil smartphones contrabandeados, isso é uma gota d’água no oceano perto dos 6 milhões que foram comercializados no ano passado”, comparou o presidente da Abinee, em coletiva no fim de março sobre o tema.