Os bancos deveriam se unir e montar uma rede global para transferências de valores através de dispositivos móveis, em vez de simplesmente assistirem a empresas do mundo da Internet, como Google e PayPal, tomarem a dianteira nesse mercado de pagamentos móveis. Essa é a opinião expressa pela Swift, em um estudo publicado esta semana. Cabe lembrar que a Swift é uma empresa que oferece uma plataforma mundial de comunicação de mensagens financeiras que conecta mais de 10 mil instituições em 210 países. Ou seja, ela própria pode vir a prestar esse papel de interconexão global entre bancos para transferências financeiras móveis. Mas em seu estudo a empresa toma o cuidado de apontar os demais candidatos a este papel, como a GSM Association (GSMA); o MoBey Forum, associação internacional de pagamentos móveis; o ISO, entidade de padronização internacional; ou algum fornecedor de plataforma de mobile banking.

Os serviços de transferências financeiras via celular mais maduros estão localizados em países africanos e do sudeste asiático, onde o índice de bancarização é baixo e a penetração de telefonia celular é alta. Neles, os serviços foram lançados por operadoras móveis dominantes e sempre em parceria com instituições financeiras locais. A Swift aposta que os próximos mercados em potencial seriam México, Brasil, Colômbia, Índia, Nigéria e Paquistão.

Esses serviços são vistos pelas operadoras móveis como periféricos, por não renderem tanta receita diretamente, embora ajudem na retenção dos clientes. Por isso mesmo, a interoperabilidade inexiste ou é extremamente limitada. Ou seja: um usuário não consegue enviar dinheiro para alguém de outra operadora. A possibilidade de remessas internacionais via celular raramente é oferecida, mas começam a surgir os primeiros acordos que viabilizam tal serviço, envolvendo bandeiras de cartão de crédito, como Visa, ou companhias especializadas em remessas internacionais, como Western Union. Paralelamente, serviços como PayPal e similares, oriundos da Internet, começam a conquistar espaço em transações internacionais móveis.

Segundo o estudo, atualmente 215 milhões de pessoas vivem fora do seu país natal. Em 2013, estima-se que o volume de remessas internacionais de valores entre pessoas físicas atingirá US$ 536 bilhões. Os bancos respondem por aproximadamente 30% desse total. Ou seja: há espaço para ganharem share.

Bancos Vs teles

Sobre a liderança exercida pelas teles na oferta doméstica de serviços de transferência financeira, a Swift aponta quatro razões para não acreditar que ela se manterá no longo prazo: 1) não é o core business das teles, ao contrário dos bancos, o que afeta a alocação de recursos futuros; 2) a receita proporcionada para as teles é pequena, geralmente representando menos de 10% do seu faturamento total; 3) os custos tendem a subir, conforme o serviço ganha importância e aumenta o rigor da fiscalização de órgãos reguladores financeiros; 4) a competição aumentará, conforme outras teles lancem serviços similares, o que diminuirá sua importância em retenção e aumentará a pressão por interoperabilidade.

Os bancos, por sua vez, são vistos com mais confiança pelos consumidores quando o assunto são serviços financeiros; são mais eficientes nessa oferta, conseguindo trabalhar com margens melhores; e podem aproveitar a oportunidade para vender outros produtos financeiros aos clientes que usarem remessas internacionais. Como atrativo para entrarem nesse mercado global de transferências móveis, a Swift lembra aos bancos que se trata de um serviço em que o cliente vê grande valor agregado e pelo qual está disposto a pagar mais do que em transações domésticas.

 

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