As mudanças no iOS 14 relativas à privacidade do consumidor podem forçar um movimento de fusões e aquisições no mercado global de mídia e publicidade, avaliam executivos desse setor ouvidos por Mobile Time.
“Esse momento do mercado vai incentivar mais as fusões e aquisições (M&A ou Merger and Acquisitions, no original em inglês) de empresas de verticais complementares. Por exemplo, uma empresa compra seu parceiro, com foco em unificação de dados. É um movimento que poucas pessoas esperavam”, comenta Antonio Affonseca, gerente geral da Liftoff na América Latina.
Ele ressalta, contudo, que essas movimentações de consolidação começaram antes da atualização para o iOS 14 e suas políticas de privacidade. Deu como exemplo, a fusão da Adjust com a AppLovin e as recentes aquisições da Digital Turbine que ultrapassam US$ 1 bilhão.
Por sua vez, Alasdair Pressney, diretor de estratégia de produtos da Fyber-AdColony, entende que há espaço também para a criação de empresas que geram dados em primeira hora, como portais e sites noticiosos com públicos relevantes e nichados, e para redes de autoatribuição próprias, similares a Google e Facebook.
“Hoje é crítico para uma plataforma independente de publicidade e monetização existir neste espaço, à medida que a consolidação de cada etapa entre fornecimento e atribuição pode levar a ‘caixas pretas’ para anunciantes e edições baseadas em monetização”, acredita Pressney. “Redes e plataformas de publicidade independentes têm investido seus interesses em transparência e entregando resultados aos seus clientes”, acrescenta
Procurando por espaço
Por sua vez, Daniel Freixo, vice-presidente da SeedTag na América Latina, explica que as estratégias de consolidação do mercado de mídia podem ser vistas em segmentos mais nichados, como finanças e varejo, que precisam de repositório de mídia. É o caso das compras recentes feitas do Canaltech, Steal the Look e Jovem Nerd pelo Magalu; XP adquirindo Infomoney; e BTG comprando a Exame e a Empiricus.
Citando o exemplo de varejistas, Freixo lembra que a “Amazon já é a terceira maior empresa de publicidade do mundo”. Neste cenário, o VP da adtech acredita que Magalu não quer ficar para trás e disputa contra seus rivais para ser a Amazon local: “É uma estratégia inteligente para essa realidade. Nós temos grandes e relevantes grupos de mídia”, completa.
Para Leila Guimarães, country manager da Adsmovil no Brasil, essas movimentações buscam alcançar “relevância” e saber o que é mais importante para o consumidor: “Não é saber o que ele gosta, mas o que ele consome. A famosa jornada do consumidor”, diz a executiva, que possui parceria para oferecer publicidade dentro do Rappi, o Rappi Ads.
“Só quem tem essa informação pode vender como first-party para ativação de marcas. Por isso que a Adsmovil coloca tanto foco em comportamento e geolocalização unidos à informação da Rappi. Você tem um conjunto de soluções de consumidor”, argumenta. “Pela mesma razão, Magalu vai atrás de empresas que não tem relação com o negócio. Amazon, Magalu e Via querem ativar a informação de alguma forma”, completa.
Especial iOS 14
Esta é a quinta e última matéria do especial sobre as mudanças do sistema operacional móvel da Apple na publicidade. Ao longo das conversas, os executivos abordam ainda: as alternativas para desenvolvedores de apps e empresas que fazem campanhas; os impactos nos custos de atribuição (CPA) e instalação (CPI) na indústria mobile; como se adaptaram às novas regras; o aprendizado para entender as métricas a partir do ATT; possíveis movimentações e consolidações na indústria de publicidade digital; além da relação do iOS 14 com as mudanças do iOS 15, anunciadas neste mês de junho.
Para acessar a primeira matéria acerca dos impactos para os desenvolvedores mobile, clique aqui.
Para ler a segunda matéria, sobre o aumento nos custos de instalação (CPI) do Android depois das novas regras do iOS 14, clique aqui.
Acesse aqui para ler a terceira matéria sobre como era e como ficou a publicidade para iPhones.
A quarta matéria que aborda a mudança na estratégia dos anunciantes para mais relevância e retorno sob investimento na publicidade pode ser lida aqui.
