O cofundador e chief product officer (CPO) da Emailage, Amador Testa, revelou que o mercado corporativo está caminhando para o desenvolvimento de uma solução de identidade digital única, que incorporará documentos pessoais e financeiros dos clientes. Em conversa exclusiva com Mobile Time durante o evento Connect 2019, na última quarta-feira, 20, o CTO detalhou que as conversas estão avançadas no setor.
“Estamos conversando com toda a indústria de fraude e pagamentos para criar uma identidade única, que ficará sob a gestão do cliente”, afirmou o executivo. “Conversamos com empresas como Cybersource, Certify e Equifax, por exemplo. O plano é criar essa solução logo para trazer mais segurança para todo o ecossistema”.
Questionado sobre a participação de empresas provedoras de tecnologia, como Thales, Valid e Idemia, o CPO disse que não houve uma conversa com elas. Ele explicou que essas companhias ainda não participaram das discussões, pois algumas delas estão em um “momento de consolidação”.
Tecnologia do ID
Em ID Digital, Testa explica que há duas frentes de trabalho. Uma delas é com o uso de blockchain para gerar as identidades. Contudo, explica que os valores para o uso da tecnologia são altos e ressalta que, ao observar o mercado de criptomoedas, ainda existem receios em relação à segurança da tecnologia. A segunda linha de trabalho é com companhias de combate à fraude: “Hoje vemos uma tendência global do trabalho do digital com os birôs de fraude e de segurança. A ideia (neste universo) é que a gestão da identidade seja dinâmica, captando múltiplas informações, como dados do dispositivo, do IP e nomes de acesso”.
Avanços e problemas
Durante a conversa, o CPO da Emailage falou sobre os avanços de sua empresa no combate à fraude. Atualmente, a companhia, que usa o e-mail para identificar se uma pessoa está cometendo fraude ou não em uma compra, tem 723 clientes no mundo. Desses clientes, 114 estão na América do Sul.
Ele ressalta que, além do Brasil, o mercado mexicano é o que mais cresce para a Emailage hoje. Isso acontece devido ao alto índice de fraude em compras não presenciais (e-commerce, O2O e m-commerce), com 40% das transações bloqueadas no País. Em relação à fraude no Brasil, Testa explicou que as empresas estão bem estabelecidas em tecnologia, com proteções robustas no banco de dados e meios de pagamento.
Contudo, os criminosos começam a dar “um passo para trás” e entrar com golpes analógicos. Alguns exemplos citados pelo executivo são: golpe no caixa eletrônico travando o cartão do usuário e se passando pelo call center do banco; roubo de credenciais se passando pelo call center; e interceptação de correspondência com substituição de boletos.
Tipos de fraude
Com atuações na Ásia, Europa e Estados Unidos, o CPO da Emailage ainda explicou os tipos de fraudes mais comuns por região. No Brasil, informou que o principal tipo de ação criminosa é a engenharia social. Na Ásia, as fraudes mais comuns são com cartões roubados de ocidentais. México tem muita fraude interna, de funcionários da companhia com pessoas de fora. Europa e Estados Unidos são mais generalistas, contudo, cresceu em quatro vezes as fraudes para abertura de contas em países europeus.
Com este cenário, Testa disse que as principais apostas da Emailage estão em educar o mercado mexicano para evitar as fraudes internas e usar sua tecnologia – que possui machine learning e deep learning embarcados – para combater golpes na abertura de contas entre os europeus.