O marketplace chinês AliExpress (Android, iOS) abriu sua plataforma para vendedores brasileiros e traz para o País duas empresas conhecidas do grupo Alibaba: a carteira AliPay e a logtech Cainiao (novato, na tradução do chinês).
Em coletiva de imprensa para apresentar os detalhes da operação no Brasil nesta segunda-feira, 23, Yaman Alpata, head de local marketplace na América Latina do AliExpress, revelou a entrada das duas empresas no e-commerce no Brasil: “Nos pagamentos, temos dois parceiros. Temos a Stone (em adquirência) para processar pagamentos; e para fazer o onboarding nós trabalhamos com o BTG. Nos dois casos, eles são integrados ao AliPay”, disse Alpata sem entrar em detalhes.
Atualmente, o AliPay atua com pagamentos e finanças digitais em uma operação global baseada em tecnologia. Fazendo gestão patrimonial, microfinanciamento, seguro e serviço de crédito, o AliPay tem atualmente 28 milhões de PMEs e tinha 740 milhões de consumidores em 2019.
Importante dizer, o aplicativo do AliPay está disponível nas lojas de aplicativos brasileiras. Mas as suas descrições seguem em chinês por enquanto.
Logística
Pelo lado das entregas, a Cainiao (fala-se ‘Tanhião’, mas é chamada internamente de ‘canhão’) usa a Intelipost para rastreio e os Correios para entrega e devolução. Mas o comerciante pode optar por usar sua própria logística. Segundo Viviane Almeida, gerente comercial do AliExpress Brasil, a Cainiao tem outros parceiros no horizonte e não deve depender apenas dos Correios: “A nossa operação não fica com uma lacuna, por isso vamos introduzir outras operadoras”, disse a executiva.
De acordo com Yusuf Ibili, head de logística local na América Latina, a companhia conversa com 12 empresas do setor para atender a demanda de entregas. Por outro lado, Alpata explicou que o plano de ter seu centro de distribuição no Brasil segue ativo, mas não sem data ou local ainda.
Os executivos do AliExpress negaram interesse da companhia na privatização dos Correios.
Estratégia
Em relação às vendas de brasileiros para brasileiros (local to local, no jargão do setor), Alpata lembrou que o Brasil é o sexto país no mundo com esse serviço e o primeiro nas Américas. No mundo, os outros mercados são Rússia, Espanha, Turquia, Itália e França.
A operação começou três semanas atrás e conta com milhares de comerciantes, segundo Alpata. O executivo não pode revelar o volume de empresas cadastradas ou a meta até o final de 2021.
Chama a atenção que a empresa começa o serviço de vendas locais com uma estratégia agressiva de taxas de comissionamento de 5% a 8%, sendo 5% para produtos como celulares e 8% para laptops e papelaria. Em contrapartida, oferecem:
– Canal de venda integrado;
– Serviço logístico integrado;
– Integração com serviços de e-commerce (Vtex, Tray e outros) via API, Excel ou manualmente;
– Fluxo de caixa sem cobrança de recebíveis;
– Suporte e serviços de educação e gestão do negócio.
Alpata explicou que o núcleo desta operação será em PMEs. Na conversa com jornalistas, o head de marketplace citou a recente fala do CEO do Alibaba, Jack Ma, que “o pequeno é lindo”. Dito isso, as regras do marketplace dão igualdade a todos os sellers.
Sobre a possibilidade de os brasileiros venderem para o resto do mundo, Almeida afirmou que, por ora, a companhia focará nos dois modelos de negócios que possui: o local to local e o cross-border (compras do exterior para o Brasil).