O Click to Pay está sendo testado desde fevereiro deste ano pela Ingresse (Android, iOS), plataforma de venda de ingressos para eventos. Desde então, os usuários que utilizam o meio de pagamento idealizado por Abecs, Visa, Adyen e outros parceiros, registram taxa de aprovação de 85%, 10 pontos percentuais maior do que aquela vista entre as pessoas que digitam o cartão de crédito (75%).

A diferença é bastante significativa, segundo Gabriel Nicola, head de pagamentos da Ingresse em conversa com Mobile Time. O executivo conta que o tipo de serviço prestado pela plataforma precisa saber o limiar entre tentativas frustradas de uma pessoa tentando comprar um ingresso com a de um fraudador, que podem ser bem semelhantes.

“Um evento com potencial de venda tem uma similaridade grande com uma tentativa de fraude porque pode haver tentativas repetitivas de compra, ou troca de cartão do mesmo usuário, por exemplo. Muitas vezes pode ser um usuário tentando comprar, mas parece com a operação de um fraudador”, explica.

Adyen

Renato Migliacci, vice-presidente de vendas da Adyen Brasil. Foto: divulgação

“Devemos combater a fraude, mas também estar disponível para aceitar um volume grande de transações de uma mesma pessoa. Precisamos ter cuidado porque a prevenção à fraude não pode afetar o nosso potencial de vendas porque dependemos do volume”, completa.

Renato Migliacci, vice-presidente de vendas da Adyen Brasil, explica que o Click to Pay traz mais segurança para o estabelecimento e torna o processo de venda mais organizado.

“O Click to Pay tem um processo mais organizado de dados e de autenticação. A perspectiva de risco diminui do lado do emissor, logo, ele passa a aprovar mais as transações”, diz.

Click to Pay: como funciona

A plataforma pretende tornar o pagamento em e-commerces mais rápido e seguro. A ideia é que os dados do cartão de crédito não fiquem armazenados no banco de dados do estabelecimento, mas na bandeira. Assim, na prática, o cliente deve adicionar seus dados no site específico do Click to Pay e, quando um site ou aplicativo aceita a ferramenta, o processo de pagamento é mais rápido, sem a necessidade de preencher uma série de informações, e também fica mais seguro, já que tudo é armazenado em local de confiança.

No momento, são os clientes que autorizam que os dados do cartão sigam para a plataforma do Click to Pay nos aplicativos dos bancos parceiros. Porém, a ideia é que haja o push massivo por parte dos bancos, ou seja, a transferência dos dados para a ferramenta tão logo um cartão é liberado para um cliente. Na prática, sempre que uma pessoa fizer login em um comércio eletrônico que aceita o Click to Pay, ele apresenta todos os cartões cadastrados na plataforma para que o usuário escolha uma opção.

Mas a solução ainda está em fase de testes e o push massivo deve acontecer quando ela se consolidar.

“O divisor de águas será quando a gente tiver mais bancos participando como incentivadores da tecnologia. No mercado de pagamentos precisamos muito do processo educacional, da confiança que um banco traz. A partir do momento em que é o banco fazendo esse provisionamento dos cartões (inserindo os dados na base de dados do Click to Pay) e não as pessoas fazendo esse cadastro, reduziremos muito a chance de um fraudador cadastrar o cartão”, aposta Nicola.

Os parceiros

O Bradesco e o Banco do Brasil foram os primeiros bancos a liberar a solução para os seus colaboradores testarem. O Bradesco já liberou para os clientes, o BB ainda não. Depois deles, veio o Santander e já está fazendo o push provisioning, ou seja, colocando de forma massiva os dados dos cartões de seus clientes na base de dados do Click to Pay

Nicola sabe que a solução tem o seu tempo de amadurecimento. “Iniciativas como a do Click to Pay, ou tokenizar o cartão, enxergo sempre com bons olhos. É o caminho que a gente acredita que a Internet deva seguir para ser mais segura para o usuário”, afirma.

Além da Ingresse, outros três e-commerces de grande porte estão testando a solução com a Adyen, porém os nomes não podem ser revelados.

A participação da Ingresse

Ingresse

Gabriel Nicola, head de pagamentos da Ingresse. Foto: divulgação

A Ingresse optou por participar desde o início dos testes do Click to Pay por considerar importante fazer parte de todo o processo e levar feedback sobre o uso da ferramenta. Porém, vale lembrar que a solução não escalou ainda. “Faltam algumas etapas. Ainda não vemos expressividade (nas vendas com o Click to Pay), mas estamos em um processo piloto, nem faria sentido”, diz.

Nicola acredita que é preciso ainda fazer mais alguns ajustes antes de abrir a ferramenta para todos “até que entregue valor por completo”. “Mas acredito que quando ela estiver madura e funcionando com todo o potencial, será mais atrativa até para o pequeno lojista que não consegue fechar todos os buracos e que com o Click to Pay vai conseguir fechar. O pequeno precisa de uma ferramenta completa, vai gerar mais valor para esse varejista”, resume.