O conceito de cidade inteligente precisa ser pensado como política pública, disse o secretário de ciência e tecnologia da cidade do Rio de Janeiro, Franklin Coelho, durante debate sobre o tema na Futurecom nesta quarta-feira, 23, no Rio de Janeiro. "É assim que estamos trabalhando no Rio. Não pode ser um projeto apenas de uma secretaria, mas de todo o governo. É algo de longo prazo", complementou.

Coelho entende que é necessário diferenciar os conceitos de "cidade digital" e de "cidade inteligente". O primeiro diz respeito à presença de infraestrutura de acesso. O segundo consiste em dotar de inteligência a rede para a análise dos dados coletados. O secretário propõe ainda o conceito de "comunidade inteligente", quando os habitantes se apropriam dos processos tecnológicos para melhorar a sua relação com a cidade.

O secretário lembrou quando o prefeito do Rio de Janeiro constatou, durante uma emergência na cidade, três anos atrás, que havia poucas câmeras nas ruas e faltava uma integração das informações coletadas pelos diferentes órgãos. Foi assim que surgiu a ideia de construção de um centro de controle e comando, onde tomadores de decisão da cidade podem acompanhar dados que chegam em tempo real das mais diversas fontes.

Exemplo espanhol

No debate promovido pela Futurecom, os especialistas presentes concordaram que projetos de cidades inteligentes requerem a participação de diversos entes públicos e privados. "Não se faz nada assim sozinho", disse Coelho.

Como exemplo, foi citado o caso da cidade espanhola de Santander, onde a Telefônica liderou um grupo de 20 empresas, em parceria com a prefeitura local, na implementação de diversos projetos de automação urbana. Um deles consistiu em instalar 12 mil sensores nas ruas do centro para acompanhar, em tempo real, as vagas disponíveis para automóveis. Os dados são enviados pela rede celular, possibilitando que qualquer motorista veja em seu smartphone onde pode estacionar seu carro.

Outra solução adotada em Santander foi a de irrigação automática dos jardins públicos com o uso de sensores para medir a umidade do solo, evitando o desperdício de água em dias de chuva. Há também sensores de presença nas calçadas que se comunicam com o sistema de gerenciamento de iluminação pública: quando ninguém passa por uma calçada por mais de cinco minutos, a intensidade da luz do poste é reduzida em 20%. "Foram três anos de trabalho para implementar esses projetos", relatou Maurício Azevedo, diretor da Telefônica/Vivo.

 

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