A maior parte das crianças e dos adolescentes brasileiros entre 9 e 17 anos (83%) possui perfil em pelo menos uma rede social. A pesquisa TIC Kids Online Brasil 2024, produzida pelo Cetic.br e Nic.br, aponta que o número chega quase à totalidade entre aqueles de 15 a 17 anos (99%). Entre 13 e 14 anos o percentual é de 93%; entre 11 e 12 anos, 70%; e, de 9 a 10 anos, 60%.

O Cetic.br entrevistou 2.424 crianças e adolescentes de 9 a 17 anos e 2.424 pais ou responsáveis entre março e agosto de 2024 em todo o território nacional.

O WhatsApp, além de ser a plataforma com maior proporção de usuários frequentes, ou seja, que usam ao menos uma vez por semana, é também aquela com maior número de perfis entre 9 e 17 anos (69%). No Instagram o percentual cai ligeiramente para 63%; 45% no TikTok, e 42% no YouTube. Entre as redes menos usadas, foram citadas Facebook (19%), Discord (8%) e X (7%).

Redes sociais por faixa etária

Entre as crianças e adolescentes de 9 e 10 anos, a plataforma mais visitada várias vezes ao dia é o YouTube (45%), assim como entre as faixas de 11 e 12 anos. O Instagram é a rede social usada várias vezes ao dia por adolescentes de 13 e 14 anos (58%) e pelos de 15 e 17 anos (63%).

“Quanto mais velhos, maior a frequência de uso”, explica a responsável pela pesquisa, Luisa Adib, analista de informação do Cetic.br/Nic.br e coordenadora da pesquisa TIC Kids Online Brasil. “O que não acontece no caso do YouTube porque, tanto entre os mais novos quanto entre os mais velhos, a proporção está em torno de 40% entre aqueles que assistem várias vezes ao dia”, comenta.

Tentativa para diminuir o uso

Mas se a maioria do público acessa as redes sociais, 24% das crianças e dos adolescentes já tentaram passar menos tempo na Internet, mas não conseguiram; 22% se pegaram navegando sem saber o que estavam fazendo, sem interesse; 22% passaram menos tempo que deveriam com sua família, amigos ou fazendo lição de casa porque ficaram muito tempo na Internet; 16% se sentiram mal em algum momento por não poder estar na Internet; e 15% deixaram de comer ou dormir por causa da Internet.

Situações ofensivas ou discriminatória

Entre os entrevistados de 9 a 17 anos, 29% reportaram terem sofrido alguma situação ofensiva ou discriminatória online. Por outro lado, 77% dos pais ou responsáveis acreditam que a criança usa a Internet com segurança, enquanto somente 8% dos responsáveis acreditam que a criança ou adolescente vivenciou situação incômoda na Internet.

Ao perguntar para a criança se ela reportou para alguém o ocorrido, 31% dos entrevistados contaram para os pais ou responsáveis e 29% para um amigo ou amiga da mesma idade e 13% disseram não terem comentado com ninguém.

A pesquisa também mostrou que 12% das crianças e dos adolescentes ouvidos relataram que foram tratadas de maneira ofensiva e 42% que viram alguém ser discriminado online.

Contato com desconhecido na Internet

30% reportam que entraram em contato com alguém na Internet que não conheciam pessoalmente. A proporção aumenta na população de 15 a 17 anos (43%). E os principais meios de contato são as redes sociais (15%) e aplicativos de mensageria (14%). 4% entraram em contato por e-mail e outros 4%, por salas de bate-papo.

30% procuraram fazer novos amigos online e 12% adicionaram pessoas que não conheciam as suas redes.

E os responsáveis?

Entre as atividades online que os entrevistados de 9 a 17 anos têm permissão para fazer sozinhas estão assistir a vídeos (68%), jogar online (66%), usar redes sociais (57%), postar na Internet fotos e vídeos em que aparece (42%), realizar compras (13%) e dar informações pessoais para outras pessoas na Internet (7%). Há diferenças muito grandes entre os mais novos e os mais velhos. De modo geral, a permissão para realizar uma atividade sozinha é maior para os mais velhos.

34% dos pais e responsáveis usam recursos para bloquear ou filtrar alguns tipos de sites; 32% usam recursos para filtrar apps que as crianças podem baixar; 32% usam recurso que limita as pessoas com quem as crianças podem entrar em contato por meio de mensagens e chamadas de voz. E 31% usam recurso de monitoramento de sites e apps que a criança acessa, aponta o estudo TIC Kids Online Brasil.

Mas, quando sem o uso de recursos técnicos, a verificação por pais e responsáveis dobra. Assim, 67% conferem os apps que a criança baixou; 65% observa quais amigos ou contatos foram adicionados nas redes sociais e 60% vêem o histórico ou registro dos sites visitados.

Pais e responsáveis também orientam seus filhos: 61% olham os celulares e 51% colocam regras de uso do dispositivo, sendo a proporção maior para os mais novos (80%), ou seja, para crianças de 9 a 10 anos.

Conversas sobre o que faz na Internet, como se comportar, explicar quais sites são bons e quais não, são realizadas em todas as faixas etárias, porém, com mais ênfase entre os menores. “Os mais novos têm uma maior atenção por parte de pais e responsáveis, que ensinam e orientam as crianças a usarem a Internet com segurança. Mas é importante a gente ter em mente que os mais velhos são mais assíduos e também são aqueles mais expostos aos riscos. Mas temos proporções mais baixas das ações de orientação para essas faixas etárias”, comenta Adib.