O comportamento do consumidor brasileiro na Black Friday está mudando na web conforme ele vai ficando mais inteligente e se adaptando às tendências, ou mais evoluído e versado, como disse Fabio Garcia, head de negócios para varejo do Google Brasil. Com base em dados recentes da empresa, as buscas sobre termos ligados ao evento comercial mais que dobraram (+114%) entre o terceiro trimestre de 2023 e o mesmo período um ano antes; além de 54% de aumento nos últimos sete dias, se comparado com a semana principal das ofertas em 2022.
“Diferentemente das outras edições, não é mais um funil, mas um labirinto. Cada interação pode mudar a jornada de compra do brasileiro. O consumidor finalmente está aprendendo que a Black Friday é queima de estoque”, disse Garcia. “Essas jornadas do consumidor são múltiplas. E nós conseguimos acompanhar essas múltiplas jornadas com tecnologia”, completou.
Nas buscas, a companhia nota que o consumidor está mais seletivo e busca tanto produtos que começou a pesquisar seis meses antes, como aquelas demandas que surgem no dia a dia. De acordo com Ana Fritoli, especialista de insights para o varejo do Google Brasil, os produtos de destaque nas demandas dos internautas vão daqueles que buscam “refrescar” o calor extremo que tem assolado o País nas últimas duas semanas de novembro aos mais “clássicos da Black Friday”, como smartphones de ponta, e produtos que começam a ter destaque (como cosméticos e móveis).
Se considerar que as buscas por termos ligados ao calor cresceram 520% em sete dias, Fritoli explicou que é natural que o ar-condicionado é o mais buscado na categoria de ar e ventilação na busca do Google nesta semana. Mas isso desmembra para outros segmentos, como em produtos pet, que tem o tapete gelado para animais de estimação como o mais buscado, ou em perfumaria, com o protetor solar liderando as buscas.
Por outro lado, nos produtos mais tradicionais da Black Friday, o destaque está no aumento das buscas por celulares mais caros, em especial o Samsung Galaxy S23, que quadruplicou (+300%) no acompanhamento diário do Google. Ainda assim, os iPhones 14, 13, 12 e 11 lideram a categoria de smartphones.
Comportamento
Porém, ao notar a comparação dia a dia, entre domingo e quarta-feira desta semana, é possível ver como o consumidor de Black Friday vai ajustando seu desejo à sua realidade financeira. Se nos outros anos, o internauta começava a buscar por iPhone e terminava no Moto G, hoje o brasileiro busca por ar-condicionado portátil no começo da semana e depois termina no ventilador na quarta-feira.
Fritoli explicou que existe esse “choque de realidade”, mas, ao mesmo tempo, muitos consumidores veem a Black Friday como viabilização de desejo, ou seja, a “última oportunidade do ano” para comprar o produto que desejam. Mas também explicou que em outros casos os usuários estão ampliando o mix de produtos e querendo consumir mais.
Comércio
Pelo lado do varejo, o Google percebeu um aumento em termos relacionados às ofertas de cupons (+39%), promoções (+23%) e descontos (+16%), se comparar os últimos sete dias de novembro com o mês anterior. Garcia explicou que isso faz parte de um movimento do comércio eletrônico para atender a demanda do consumidor que deseja comprar “bem e barato”.
A estratégia dos varejistas também caminha para a diversificação. Atrelada às buscas do consumidor por produtos mais próximos do cotidiano, Garcia explicou que essa demanda acontece para ofertar mais produtos dos sellers.
Sala de estratégia
Para atender o público varejista com dados e informações sobre as buscas anonimizadas, o Google criou duas salas de estratégia (Strategy Room, em inglês). Um espaço é voltado para atender os grandes anunciantes com equipes dedicadas alimentando essas empresas e seus negócios com dados customizados. No outro local, o time do Google cria informações para PMEs guiarem suas estratégias de campanhas e vendas na Black Friday.
Segundo Fábio Celeri, head de commerce para médias empresas no Google Brasil, as informações são repassadas para clientes de diversos setores, como finanças, educação e varejo, durante os dias 23, 24 e 27 de novembro – este último a cyber monday, o último respiro de ofertas.
Os dados gerados pela companhia aos seus clientes não são cobrados. Aqui, a ideia do Google é que as empresas recebam as informações, incrementem seus negócios e que esse círculo virtuoso gere mais campanhas online na plataforma do Google e, com isso, mais receita para a empresa.
Imagem principal: Sala de estratégia do Google para grandes anunciantes (crédito: Henrique Medeiros/Mobile Time)