A chamada "transformação digital", termo de marketing usado por 10 entre 10 fornecedores para definir a transição que a indústria de telecomunicações está vivendo com o desenvolvimento da banda larga e, especialmente, com a Internet das Coisas e dos potenciais serviços decorrentes dessa mudança, aparentemente começa a contagiar outros setores da economia. Os setores automobilístico e de saúde, por exemplo, há alguns anos já entenderam o potencial desta mudança e hoje são presença garantida em qualquer evento de tecnologias digitais como a CES ou o Mobile World Congress (MWC), que acontece esta semana em Barcelona. Desta vez, contudo, foi a vez de William Ruh, CEO da GE Digital, mostrar como um dos maiores grupos industriais do mundo vê o desenvolvimento da Internet das Coisas.

O fator que impulsionará o setor industrial em direção ao mundo digital, diz Wuh, é a necessidade de ganhar produtividade. Segundo ele, a chave da competitividade em qualquer ramo industrial, mas sobretudo na indústria pesada, sempre foi a capacidade de otimizar processos de produção e ampliar a produtividade, mas o ritmo de evolução desses processos diminuiu nos anos 2000, após a primeira onda dos processos de automação industrial. "Precisamos buscar aumento de produtividade. Se você não abraçar essa digitalização você não pode competir. Eficiência é a essência da produção industrial, e essa é a grande oportunidade. IoT é a internet industrial", reflete o executivo. "As mudanças de tecnologias permitem que a gente melhore, por software, produtos que de outra maneira permaneceriam iguais por muito tempo, porque nosso universo é outro, diferente do mundo do consumo em que as pessoas trocam seus aparelhos todos os anos. Precisamos entender  o conceito da Internet das Coisas e ver como isso pode nos ajudar".

Ele lembrou que esse processo de transformação digital deve seguir padrões abertos e envolver a cooperação de diferentes setores, e reiterou as preocupações com segurança. "No nosso caso, nossa preocupação é um pouco diferente porque máquinas não têm problema de privacidade, mas há uma preocupação sobre quem as controla".

Ele também chamou a atenção para a necessidade de ajuste da força de trabalho para esse novo ambiente. "Hoje um engenheiro de produção precisa entender que vai ter que lidar com análise de dados e data centers. O trabalhador industrial será também um trabalhador digital".

Mudança

Richard Fain, CEO da empresa de cruzeiros marítimos Royal Caribbean, relatou uma outra perspectiva. "Começamos a usar tecnologias para mudar o nosso negócio. Por exemplo o processo de alfândega e imigração, onde ajudamos os governos a desenvolverem aplicações para agilizar o processo. Existem coisas ruins no mundo que atrapalham a experiência  do usuário e precisamos de tecnologia para contornar isso", disse ele. "Tecnologia é um desafios para o usuário, entender como se usa, convencê-lo a usar, e compartilhar uma experiência boa. Imagina se cada país fosse desenvolver uma tecnologia de imigração… Por isso nós ajudamos".

Ele relata ainda que a tecnologia foi essencial para conectar os navios. A RC é uma das principais clientes da rede de satélites de órbita média O3b, que fornece conexões de banda larga.  "O satélite nos tirou da era do dial-up". Segundo o executivo, hoje um navio conectado à rede da O3b tem mais banda larga do que havia em todos os outros navios da frota, "o que foi essencial não apenas para nossos clientes mas também para conectar nossos empregados, que ficam muito tempo longe de casa, para que eles tenham contato com a fam?lia e possam ser treinados". Ele diz que não está apenas  otimista, mas "maravilhado" com o que está acontecendo, e aposta que a próxima grande revolução virá das aplicações em realidade virtual.

 

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