“O problema mais grave que o 5G trará é o controle da rede. Se ela estiver dominada por um único fornecedor de equipamentos, este fabricante pode travar toda a nossa cadeia se quiser. É um risco que temos que avaliar.” Foi o que afirmou o general Ivan de Sousa Correa Filho, Comandante de Comunicações e Guerra Eletrônica do Exército, do Ministério de Defesa, na quarta-feira, 24, durante reunião sobre segurança com o GT (Grupo de Trabalho) da Câmara dos Deputados que acompanha a implantação do 5G no Brasil.
O general defendeu com ênfase a construção de uma rede privativa não apenas para o governo como também para as grandes indústrias como uma forma de aumentar a segurança, pois, segundo ele, o 5G, por sua característica, vai aumentar a potência dos ataques cibernéticos. Entretanto, Corrêa não respondeu às questões dos parlamentares sobre os custos, de que forma estas redes seriam implantadas, e uma possível restrição a fornecedores. “Quanto mais segurança, mais custo e menos conforto. Os formatos, as frequências, bem como os valores e as restrições são questões para o Ministério das Comunicações responder”, disse.
O Coronel Marcelo Paiva Fontenele, diretor do Departamento de Segurança da Informação do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), também não respondeu a essas questões. Ele concordou que o custo da rede privativa pode ser alto, sem citar quanto seria. “Não podemos admitir que haja algum tipo de vulnerabilidade e que esta afete os serviços essenciais para a população. Segurança é cara, e a falta de segurança pode ser mais cara ainda. Nós nos ativemos a aspectos técnicos e previmos, inclusive, um órgão central de auditoria das redes de 5G que possam englobar empresas, sociedade e governo”, afirmou.
Parlamentares que participavam da reunião se mostraram incomodados com a falta de respostas do governo. “Ainda não entendi os detalhes dessa rede privativa. É uma faixa, ou é uma estrutura por meio de programas? E a restrição a fornecedores? Me parece que este medo de ter uma empresa que venha aqui fazer espionagem e trazer risco à soberania nacional não se justifica. São poucos os países que tem esse posicionamento. Queremos saber o que é essa rede, quanto isso deve custar? E mais: qual o posicionamento do governo com relação às frequências de 700 MHz?”, questionou o deputado Vitor Lippi (PSDB/SP).