A Veloe (Android, iOS) informou que 54 mil veículos de sua base passaram por sistemas de free flow nos últimos seis meses. Em conversa recente com Mobile Time, André Turquetto, CEO da companhia de pagamentos, afirmou que a proporção de usuários do Free Flow ainda é pequena perto de seu potencial.

O trecho entre Ubatuba e Rio de Janeiro da BR-101, início do sistema de livre passagem no Brasil, tem até 25 mil usuários por dia. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) informou que 70% das transações são por tag nesta rodovia administrada pela CCR Rio-SP.

Com a expansão do Free Flow nas rodovias paulistas, a empresa quer avançar com a oferta de tags para permitir mais fluidez nas viagens, assim como diminuir as inadimplências dos usuários do pagamento avulso.

Vale lembrar, pedágio sem cancela tem dois formatos de pagamento: o pagamento por tag (vide Veloe, ConectCar, Taggy, Move Mais e Sem Parar), que é automatizado, e o pagamento avulso, feito por reconhecimento de placa e pagamento diretamente com a concessionária via site e app.

Veloe e os desafios do Free Flow

A Veloe ainda pretende fazer uma campanha publicitária para promover o Free Flow no país em parceria com a ANTT: “Queremos criar iniciativas para avançar com o uso das tags. Isso resolve problemas como inadimplência, interoperabilidade e atendimento ao cliente”, disse Turquetto, ao afirmar que as tags trazem um ecossistema seguro e com garantia para o sistema de pedágio livre.

Atualmente, a interoperabilidade para os meios de pagamentos avulsos é uma das principais preocupações para o futuro do Free Flow. Como apenas a BR-101 havia testado o método de pagamento, não havia esse problema até então. Mas como o pedágio sem cancela chegará à região metropolitana de São Paulo pela Via Dutra – com saídas e entradas para outras rodovias que também devem operar com o sistema sem praça de pedágio em breve – um sistema único de pagamento que conecte todas as rodovias se torna necessário. Hoje, se um usuário passar por mais de uma rodovia com Free Flow, ele deverá entrar no site/app de cada concessionária em que passou para pagar as tarifas.

Paralelamente, a companhia está se colocando à disposição para ser um dos operadores do sistema de pagamentos avulsos, de modo a resolver a questão da interoperabilidade. O executivo da Veloe reforçou que tem tecnologia para receber os pagamentos, uma vez que é uma empresa com o apoio de dois grandes bancos, Banco do Brasil e Bradesco: “Temos os bancos, a tecnologia de reconhecimento (OCR, usada para reconhecer as placas dos veículos), liquidação de pagamento, chargeback. Eu cuido de tudo no pagamento e dou garantia do repasse (para as concessionárias)”, completou.

Atualmente, o sistema de pagamento avulso do Free Flow na BR-101 permite aos usuários pagarem o pedágio em até 30 dias por meio de site, app e chatbot no WhatsApp da CCR Rio-SP. No trecho entre Ubatuba e Rio de Janeiro da BR-101, que serviu de sandbox regulatório para o serviço, a ANTT contabilizou 1,2 milhão de multas por não pagamento desde 2023.

Multas e desafios

Durante evento organizado pela Fetcesp na última quinta-feira, 20, a falta de publicidade sobre o Free Flow e o excesso de multas por evasão de pedágio foram as maiores críticas dos executivos do setor de transportes: “Tem problemas e queremos esclarecer antes que a sociedade fique contra e peça para cancelar os projetos (de Free Flow), como aconteceu em outros países. Queremos pagar o pedágio de acordo com o trajeto, da forma certa, para que não aconteça o que ocorre na Rio-Santos”, completou.

Atualmente, o deputado federal Hugo Leal (PSD-RJ) tem um projeto de lei que busca suspender por um ano os efeitos das multas aplicadas no sistema de livre passagem (3262/2024). Desde novembro de 2024, o texto está sob a relatoria do deputado federal Gilberto Abramo (Republicanos-MG).

Mas, a ANTT reforçou que as multas são menos de 5% das 25 milhões de transações do Free Flow já contabilizadas na rodovia e que este problema já ocorria.  Na visão do regulador, o PL de Leal pode causar problemas ao desenvolvimento do sistema sem praça de pedágio brasileiro e até a desinstalação deste modal tecnológico, como aconteceu na África do Sul.

“Fizemos o benchmark internacional, um caso que complicou foi da África do Sul. Apresentaram uma lei que cortou a cobrança, reduziu os pagamentos de 90% para 30% e resultou em desinvestimento (do Free Flow) na rodovia”, detalhou Fernando Bardelli Feitosa, gerente de regulação da ANTT.

 

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