Assim como a Tecban faz no open banking – interliga os bancos por meio de APIs – a empresa de tecnologia do sistema financeiro pretende fazer o mesmo com o open insurance, de modo que essas empresas poderão trocar informações por meio de sua plataforma. Na última quarta-feira, 23, Fernando Tassin, gerente de open insurance da companhia, explicou que há, inclusive, a possibilidade de a companhia passar a oferecer seguros em seus canais de atendimento.
O início do sistema aberto de seguros no Brasil é visto pela TecBan como um processo de evolução e de mudança nas operações das seguradoras do País. E, segundo a empresa, essas transformações nas seguradoras ocorrem por movimentos ligados ao consumo do brasileiro, como o fato de o cidadão usar mais o celular na gestão de gastos e por viajar mais.
“A mudança começa com a necessidade do público, que tinha um determinado comportamento e que vem se alterando. Com isso, os processos das empresas tendem a evoluir, como é o caso da troca do canal telefônico para os aplicativos e a compra de seguro de viagens, por exemplo. Isso tem que somar em receita e qualidade. Tem que ter qualidade nos serviços e no atendimento”, diz Tassin. “Será uma evolução”, resume.
A partir deste movimento, o gestor explica que as empresas de seguros terão chance de desenvolver produtos mais aderentes, com o cliente no centro e, com isso, haverá uma melhora na diversificação de ofertas, ao mesmo tempo que o mercado gera uma competição a partir da interoperabilidade de dados. Algo bem similar ao open banking, porém, com um acréscimo: o corretor de seguros em um novo papel. “Ele passa a atuar como consultor, até porque ele tem mais conhecimento sobre o cliente que a seguradora”, explica.
A partir dessa diversidade, o cliente poderá adquirir não apenas um seguro, mas vários que estejam em sua jornada diária. “No modelo atual, as seguradoras já oferecem multioferta aos clientes. Mas o fato de ter a multioferta não significa que o cliente tenha acesso à melhor oferta. Uma análise mais apurada de dados, permite oferecer seguros que a pessoa geralmente usa”, completa.
Obstáculos
Por outro lado, o executivo de open insurance da TecBan acredita que há desafios, similares àqueles do open finance. Com 73 empresas que aderiram à fase 1 do open insurance, Tassin explica que há barreiras na tecnologia, como o fato de que a partir do sistema aberto de seguros as seguradoras precisarão ter uma visão completa dos consumidores, que hoje podem estar apartadas, como o mesmo cliente é visto como um para unidade de negócios residencial e outro em vida. Outro problema citado pelo executivo é a falta de comunicação com o cliente. Como exemplo, lembra que os seguros para veículos, apesar de uma categoria ampla, atinge apenas 30% da frota de carros no Brasil.
“As seguradoras precisam olhar a pessoa como um indivíduo. Não é apenas um número ou produto. Para isso, as empresas de seguros precisam avançar na digitalização. E, na hora de criar produtos e serviços, as companhias precisam lembrar que para ser bom, os produtos precisam ser simples”, sugere.
Para Tiago Aguiar, superintendente de novas plataformas, este é apenas o começo da jornada open nas empresas, mas que o consumidor começa a enxergar no seu cotidiano: “É o caso do nosso case de usar criptomoedas para sacar no caixa eletrônico. Esse espaço que está sendo criado é um lugar onde o consumidor detém a posse, seja em moeda (digital ou fiduciária) ou dos seus dados”, afirma.
Cronograma
Atualmente, o open insurance brasileiro está na primeira fase, de compartilhamentos de dados públicos das seguradoras, como canais de atendimento. A próxima fase acontece em setembro deste ano. Nela, o consumidor escolhe se compartilha seus dados pessoais com empresas. Entre essas informações estão históricos de pagamentos, dados de apólice, sinistros de telemetria, previdência e capitalização. No cronograma da Susep, entidade que regula o setor de seguros no Brasil, a terceira e última fase ocorre em dezembro de 2022 com a movimentação de serviços de seguros, vide efetivação dos serviços, endossos, acessos, resgates e avisos de sinistros, mas, principalmente, a criação da Sociedade Iniciadora de Serviços de Seguros (SISS), que segundo Tassin, facilitará a entrega de novos produtos e serviços.