| Publicada originalmente no Teletime | A Meta, empresa dona do Facebook, adotou o mesmo tom usado pela Netflix durante a última Mobile World Congress, em fevereiro – a de não aceitar dividir a conta da infraestrutura com as operadoras. A companhia do empresário Mark Zuckerberg disse em comunicado divulgado nesta sexta-feira, 24, que qualquer iniciativa de imputar aos provedores de conteúdo taxas pelo uso das redes de telecomunicações seria baseada em falsas premissas e desconsidera os investimentos que as big techs fazem no ecossistema digital.

A Meta diz que operadoras e provedores de aplicação e de conteúdo são empresas simbióticas, ocupando papéis diferentes, mas complementares no ecossistema digital.

A empresa também aponta que faz investimentos de dezenas de bilhões de euros em seus aplicativos e plataformas, como Facebook, Instagram e Quest, para facilitar a hospedagem de conteúdo. “Bilhões de pessoas vão à Internet todos os dias para acessar esse conteúdo, criando a demanda que permite às operadoras de telecomunicações cobrar pelo acesso à Internet. Nosso investimento em conteúdo literalmente impulsiona a receita e o modelo de negócios das operadoras de telecomunicações”, diz a empresa de tecnologia norte-americana.

Investimento em infraestrutura

A Meta diz que na última década foram investidos mais de US$ 880 bilhões em infraestrutura digital global pelos provedores de aplicação para construir e melhorar de forma sustentável a infraestrutura complementar para tornar o ecossistema da Internet mais confiável e eficiente. “Aproximadamente foram US$ 120 bilhões por ano de 2018 a 2021. Essas contribuições de infraestrutura feitas por empresas de tecnologia economizam cerca de US$ 6 bilhões por ano para as operadoras de telecomunicações”, diz a companhia.

A empresa dona do Facebook diz que desde 2017 destinou sozinha mais de US$ 100 bilhões em capex e opex em infraestrutura digital global. Em 2022, foram mais de US$ 30 bilhões globalmente em infraestrutura digital, com uma relação capex/receita que, segundo a big tech, seria igual ou superior às das principais operadoras de telecomunicações europeias.

Os investimentos envolvem construção de cabos submarinos com parceiros, o que aumenta a capacidade transatlântica do tráfego de dados em aproximadamente quatro vezes desde 2016. “Esses investimentos, combinados com outras inovações técnicas lideradas pela Meta, alimentaram um crescimento significativo da demanda por serviços de dados de telecomunicações. Enquanto isso, o custo por bit despencou e estimamos que seja menos de um quarto do que era há cinco anos.”

A companhia cita que, desde 2019, o cabo submarino Marea contribuiu com cerca de US$ 18 bilhões por ano à economia europeia, com potencial de aumentar quando dois outros sistemas entrarem em operação em 2024 e 2027. O cabo é operado pela Telxius, da Telefónica, e foi um acordo com a Microsoft. A empresa também destaca os investimentos feitos em redes conectando a Europa à África, Oriente Médio e Sul da Ásia por meio de projetos de cabos submarinos de referência, incluindo 2Africa e 2Africa Pearls, em parcerias com diversas operadoras como Vodafone e Orange.

Além disso, a Meta explica que é um grande cliente da indústria europeia de telecomunicações. “Desde 2018, investimos mais de meio bilhão de euros alugando ou comprando mais de um milhão de quilômetros de fibra terrestre”, complementa a empresa, citando ainda a rede de entrega de conteúdo (CDN). E alfineta: “Não cobramos das operadoras de telecomunicações por isso.”

Europa

A Meta elogia a penetração de 60% fibra na Europa e fala em implantações iniciais da tecnologia XGS-PON para velocidades simétricas de 10 Gbps. Também defende a utilização da porção superior da faixa de 6 GHz para Wi-Fi na região. No Brasil, esse espectro está assegurado pela Anatel.

A empresa entende também que os custos da rede 5G também estão se mostrando muito mais baratos do que se pensava. “Com as melhorias de rádio massive MIMO, as operadoras de telecomunicações estão vendo implantações de rede 5G de banda média (3,5 GHz) de sobreposição alcançando propagação semelhante a redes 4G a 2,1 GHz, resultando em custos de implantação de rede 5G drasticamente reduzidos com a reutilização de sites passivos existentes e ativos de rede de transporte”, diz a Meta no seu comunicado.

Nesse cenário de conectividade, a Meta defende que a colaboração é a chave para liberar o potencial do metaverso. E enfatiza também que nas últimas décadas, a economia digital ajudou a impulsionar o crescimento econômico e a construir comunidades de maneiras que ninguém poderia imaginar.

“Mas a parceria requer um diagnóstico honesto das oportunidades e desafios que todos enfrentamos ao longo do caminho. E é por isso que estamos somando nossa voz ao coro de preocupação compartilhado por uma série de organizações sobre as propostas de taxas de rede (incluindo da sociedade civil, academia, órgãos da indústria e especialistas em regulamentação). Conforme observado anteriormente, reconhecemos os desafios que algumas operadoras de telecomunicações europeias enfrentam agora, mas impor uma taxa de rede arbitrária a empresas que trazem investimento e inovação para o ecossistema digital não é uma solução sustentável”, finaliza a Meta no seu comunicado.

 

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