As operadoras móveis querem atrair desenvolvedores e lojas de aplicativos para uma discussão espinhosa, porém necessária: a elaboração de regras comuns em relação à privacidade do conteúdo gerado pelos consumidores em seus dispositivos móveis. O esforço em torno de uma autorregulação global está na pauta da reunião que a GSMA realiza esta semana na Colômbia com as operadoras latino-americanas. "Queremos que todo o ecossistema de conteúdo móvel seja envolvido nessa discussão, para darmos mais transparência ao serviço e uniformidade no tratamento do usuário, para que este se sinta protegido e respeitado", explica Amadeu Castro, diretor da GSMA no Brasil.

A iniciativa decorre depois de analisados os resultados de uma pesquisa realizada pela GSMA sobre o tema com consumidores de três países latino-americanos: Brasil, México e Colômbia. Nos três mercados, foi observada uma preocupação significativa dos usuários em relação à privacidade dos seus dados armazenados em aparelhos celulares. O que mais inquieta as teles é que a maioria dos consumidores as considerariam responsáveis caso sofram algum tipo de invasão de privacidade, mesmo que decorrente de uma falha de um app móvel vendido por terceiros.

No Brasil a pesquisa entrevistou 1.505 usuários de telefonia móvel, dos quais 64% possuíam smartphones. Dentre os que usam Internet móvel, 86% disseram se preocupar com o compartilhamento de seus dados pessoais quando usam a rede e apps móveis. Dentre eles, 66% disseram que vão continuar a usar os serviços mesmo assim e 32% afirmaram que usariam mais se tivessem certeza de que seus dados estão seguros.

O clima de desconfiança é generalizado. Apenas 34% dos entrevistados acreditam que as empresas parariam de coletar suas informações pessoais caso decidissem cessar o compartilhamento. A maioria (66%) acha que seus dados continuariam sendo usados mesmo depois que ordenasse a suspensão. O pior é que os próprios consumidores reconhecem que não leem atentamente os termos de serviços dos apps que instalam: 51% disseram que concordariam com uma declaração de privacidade em seu celular sem lê-la. A justificativa de 74% destes é que os documentos "são muito longos". Esses números servem de combustível para a busca por uma autorregulação: "é preciso uniformizar a linguagem desses documentos e adotar os mesmos conceitos de privacidade para todos os usuários", argumenta Castro.

Embora a maioria dos apps hoje em dia sejam distribuídos por lojas de aplicativos sem qualquer relação com as operadoras, é a estas últimas que 58% os usuários brasileiros recorreriam em caso de invasão de privacidade. Em seguida, dentre as respostas mais citadas, estão: polícia (52%), advogado (46%), autoridade de proteção de dados (45%), desenvolvedor do app (34%), Anatel (33%), App Store (29%) e fabricante do aparelho (15%). "O primeiro agente que vem à cabeça do usuário é a operadora, porque é aquele que está na sua cabeça, no seu bolso. É preciso haver uma colaboração de toda a indústria. Não adianta o usuário reclamar com a operadora e esta dizer que é problema do desenvolvedor", explica o diretor da GSMA.

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A pesquisa também fez perguntas relativas a mobile advertising. 83% dos entrevistados brasileiros entendem que terceiros deveriam pedir permissão antes de acessar seus dados pessoais em apps. E 88% se preocupam com a possibilidade de suas informações estarem sendo coletadas sem seu conhecimento através de apps.

Cerca de metade (48%) dos usuários brasileiros de Internet móvel estão familiarizados com promoções baseadas em localização, dentre os quais 71% enxergam valor nesse tipo de ação, mas 79% gostariam de poder ligar e desligar a opção.

 

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