Há três semanas publiquei um artigo sobre a minha recente experiência com pagamento por aproximação (NFC) usando o novo aplicativo Ourocard-e (Android), do Banco do Brasil, instalado em meu smartphone. Trata-se de uma iniciativa pioneira no País, o que me deixou entusiasmado por eu ser um "early adopter" de novas tecnologias e por ser correntista do banco. À época, a minha conclusão foi de que é preciso divulgar mais o serviço, pois 99% dos atendentes de lojas que operam as máquinas de cartão nunca ouviram falar dessa forma de pagamento e, logo, não sabem como realizá-la e muitos não querem nem tentar. De lá para cá, continuei usando (ou tentando usar) meu smartphone como cartão de débito e crédito. A conclusão segue a mesma: é necessário investir em uma campanha de educação do mercado. Então decidi dar a minha contribuição e publicar um novo artigo com dicas para aumentar a chance de sucesso de outros "early adopters" conseguirem pagar por aproximação no Brasil. Cabe lembrar que o Ourocard-e por enquanto está disponível apenas para smartphones Android, a partir da versão 4.0.
Ao longo de um mês de testes, fui aprimorando a minha abordagem no caixa e cheguei à seguinte lista de dicas, praticamente um passo a passo para se pagar com aproximação:
1) Verifique se a máquina de cartão possui o símbolo de pagamento por aproximação, representado por umas ondinhas em um adesivo no alto da máquina (veja imagem acima). Se não tiver, não adianta nem tentar: a máquina não está habilitada para esse tipo de pagamento.
2) Como será preciso ensinar o atendente a navegar pelo menu, dê preferência para situações em que não haja fila de gente para pagar atrás de você. A impaciência dos outros consumidores atrapalha o processo e deixa o atendente nervoso.
3) Enquanto o atendente contabiliza a sua fatura, abra o aplicativo Ourocard-e, ponha sua senha e deixe aberto na tela em que aparece a imagem do seu cartão de crédito.
4) Na hora de pagar, pergunte ao atendente se ele já recebeu "pagamento por aproximação". A resposta, 99% das vezes, será negativa. E muitos vão dizer que a máquina não aceita. Então mostre o símbolo do NFC na máquina e pergunte se pode ensiná-lo como proceder.
5) Também ajuda a convencer o atendente se você mostrar o cartão físico, de plástico, junto com a tela do celular onde aparece a imagem do mesmo cartão. Diga que é o mesmo cartão, só que virtual, dentro do celular. Explique que da mesma forma que você pode pagar uma conta com cartão na Internet sem usar a versão física do cartão, agora dá para fazer o mesmo com o smartphone nas máquinas de POS. Na prática, os dados daquele cartão estão guardados no celular e vão ser transmitidos para a máquina de POS por aproximação.
6) Se a máquina for da versão mais nova da Rede, aparece uma mensagem logo na primeira tela informando que agora é aceito pagamento por aproximação. Mostre essa mensagem ao atendente, pois lhe dará mais confiança em prosseguir com a experiência.
7) Explique que vai sair o papel do comprovante igualzinho a uma transação com cartão físico.
8) Se ainda houver resistência, proponha passar primeiro um valor irrisório, como R$ 0,50, em caráter de teste. Funcionou comigo uma vez.
9) Ensine ao atendente como navegar pelo menu. Na máquina da Rede, basta digitar o valor e clicar em OK. Depois, é só aproximar o smartphone para pagar (antes, lembre de clicar em cima do seu cartão na tela do celular e selecionar débito ou crédito pelo aplicativo: você terá 30 segundos para aproximá-lo da máquina). Em pagamentos abaixo de R$ 50, não é necessário digitar a senha na máquina (basta a senha para entrar no aplicativo).
10) Se for uma máquina da Cielo, o caminho é o seguinte: 1) clique em qualquer número para que apareça um menu; 2) escolha débito ou crédito no menu da máquina; 3) digite o valor e clique OK; 4) aproxime o telefone para pagar (antes, lembre de clicar em cima do seu cartão na tela do celular. Você terá 30 segundos para aproximá-lo da máquina). Tal como na máquina da Rede, não é necessário botar a senha quando a compra for abaixo de R$ 50.
A cara de espanto dos atendentes não tem preço. Eles ficam maravilhados, como se tivessem visto um truque de mágica. O mesmo acontece com consumidores que estiverem por perto. Mais de uma vez vieram me perguntar do que se tratava, como poderiam usar, se funciona em iPhone etc.
Mas alerto: mesmo seguindo todas essas dicas não necessariamente você vai conseguir convencer o atendente a experimentar o pagamento por aproximação. Quanto mais jovem e/ou mais instruído, maiores as chances de sucesso. Em uma das minhas tentativas, a atendente era uma senhora que se recusou veementemente e depois me mostrou debaixo da máquina um papel colado com durex com instruções escritas à mão sobre como operar a máquina. "Se não está escrito aqui eu não faço", disse, encerrando o papo.
Em tempo: o Banco do Brasil produziu um vídeo para explicar como funciona o Ourocard-e. Ele está disponível no YouTube e também na homepage do banco. Ainda não cheguei ao ponto de exibir esse vídeo no caixa, mas, quem sabe? Afinal de contas, early adopters são teimosos.