A Usina Hidrelétrica de Itaipu vai começar a fase laboratorial de implantação de uma rede privativa 5G, entre o final de junho e começo de julho de 2023. O projeto executado pelo Parque Tecnológico Itaipu Brasil (PTI-BR), do qual é mantenedora, vai abrir um edital para convocar startups e empresas a desenvolverem e testarem soluções para diversos casos de uso, não só envolvendo a usina como também outras áreas de aplicação da tecnologia.
“O principal desafio do 5G, hoje, é entender como torná-lo rentável. É uma tecnologia muito cara e não é necessária em todas as situações. É preciso entender qual é o modelo de negócio que vai fazer com que o 5G se torne de fato sustentável e viável”, explica José Alberto dos Santos, coordenador de operação no laboratório de Internet das Coisas (IoT) do PTI-BR.
Neste primeiro momento, será montada uma rede 5G na frequência de 3,7 GHz, com investimento de R$ 5 milhões. Está sendo feito um mapeamento de demandas da usina e de outras aplicações de 5G para serem selecionadas para o edital. A ideia é que o projeto sirva como um ambiente para produção de conhecimento. As empresa vão desenvolver e testar casos de uso que poderão ser comercializados depois, por outros meios.
Santos conta que uma das aplicações sendo consideradas é o uso de sensores na usina, seja para monitoramento do escoamento de água, da própria barragem, como também de pessoas, em situações de emergência. O 5G poderá ajudar na comunicação de dados dentro da usina, o que atualmente é um desafio. “Estamos falando de uma barragem com cinco quilômetros de extensão. É difícil, não tem essa comunicação permeando todo esse ambiente”, explica o coordenador.
“Já vemos que tem alguns casos mais certos. Só queremos entender e medir um pouco mais. Quando falamos de tecnologias novas, um dos grandes problemas, principalmente para um órgão público, é fazer uma contratação adequada. Pode ser que eu contrate algo que não atende a minha demanda. É importante desenvolver esse conhecimento técnico dentro das empresas, para que essa absorção seja mais fácil e o desafio seja um pouco menor”, afirma.
Em um segundo momento, haverá a criação de uma nova rede privativa, cobrindo tanto áreas internas quanto externas da usina, na mesma frequência de 3,7 GHz. Ela será mais operacional, com redundâncias para que não haja problemas durante a operação.
Na terceira fase, vão ser usadas outras frequências, de 700 GHz e 27 GHz, novamente com uma etapa de testes e depois expansão para área externa. A expectativa é que esta rede esteja pronta até o início de 2024. No total, com todas as redes implementadas, o PTI-BR planeja investir de R$ 10 milhões a R$ 12 milhões. Todo equipamento usado será da Nokia.
Cada frequência é mais adequada a uma aplicação. A rede de 700 MHz, por exemplo, tem raio de cobertura maior, mas velocidade menor, mais propícia para aplicações rurais. A de 3,7 GHz, por outro lado, é mais rápida, mas tem raio de cobertura menor. “Nossa ideia é ter as três frequências, para que se consiga permear todos os campos de desenvolvimento do 5G. Em um laboratório para testar as soluções, é preciso estar trabalhando em todas as frequências”, conta Santos.
A implantação da rede tem como apoiador o Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), que participou da fase de planejamento da arquitetura. Desde 2018, a instituição desenvolve, junto à Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e Itaipu Binacional, a instalação de infraestruturas e criação de ambientes de teste e validação para geração de negócios, crescimento e criação de empresas.
“A ideia da Itaipu é se manter atualizada. O 5G é importante, principalmente para o ambiente industrial, então não queremos perder tempo. A usina quer criar logo um laboratório para também testar, entender como funciona e gerar principalmente conhecimento”, explica Santos.