Companhias de satélite estão de olho no mercado de infraestrutura de acesso para operadoras móveis no Brasil. Dois exemplos são a Intelsat e a O3b Networks, que exemplificaram durante o Broadband Forum nesta semana em São Paulo como pretendem atuar nessa área.
No caso da Intelsat, a empresa promete mais dois satélites previstos para atender ao País em 2017, o Intelsat 35e e o 37e. Ambos farão parte da rede EpicNG e se juntarão a mais cinco outros satélites que deverão atender a América Latina nos próximos quatro anos. "É um compromisso de longo prazo com a região", declara o diretor da área de gerência de vendas da operadora, Márcio Brasil.
A intenção da empresa é oferecer acesso em locais de dificuldade de acesso terrestre. "Para backhaul, tem alta disponibilidade, mantendo os KPIs (índices de qualidade) da Anatel", explica.
Lançado em janeiro, o Intelsat 29e já está sendo utilizado no País para broadcasting. Segundo Brasil, o GP de Barcelona da Fórmula 1 foi transmitido pela constelação Epic pela Globo "sem necessidade de turnaround". Fabricado pela Boeing, o satélite é o primeiro da operadora com tecnologia de feixes amplos (wide beams) e direcionados (spot beams) com reutilização de frequência, o que promete alto desempenho em banda C e Ku. O artefato cobre as Américas e o Atlântico Norte na posição 310ºE.
Com a rede da OneWeb, a Intelsat expandiu sua capacidade total com 5 Tbps adicionais em banda Ku, "inclusive com cobertura polar, onde as (órbitas) GEO não pegam". A Intelsat testa ainda tecnologias novas de acesso, como um painel de cristal líquido. Outra "grande aposta" da operadora é oferecer conectividade embarcada em aeronaves e para Internet das Coisas, sobretudo carros conectados. "A Intelsat acredita na demanda, mesmo se pensar apenas em backhaul (para operadoras móveis)", declara.
Baixa órbita
Recentemente comprada pela SES, a O3b Networks pretende oferecer capacidade direcionável de sua constelação de satélites não geo-estacionários (NGSO) a 700 km de altura com spot beams em banda Ka com 1,6 Gbps e latência menor do que 150 ms. Até o momento, conta com cerca de 40 clientes e 23 Gbps contratados. Assim como a Intelsat, a empresa também se interessa por parcerias com operadoras móveis, oferecendo backhaul "de redundância" de 10 Mbps a 100 Mbps para sites 3G e 4G.
A companhia instalou um projeto piloto na cidade amazonense de Tefé com um parceiro local, a provedora Ozônio Telecomunicações, iniciando a operação neste mês. Segundo o diretor de marketing da O3b, John-Paul Hemingway, a chegada do serviço de banda larga no local mudou o modelo de negócios. "Os acessos saíram de 2 Mbps para até 200 Mbps", conta. O executivo promete novas localidades, mas sem adiantar quais e nem quando.